VEADO-CAMPEIRO ALBINO E MÃE SÃO AVISTADOS NOVAMENTE NO PANTANAL

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Dupla foi flagrada em momento cheio de afeto e carinho; vulnerabilidade da condição por conta de predadores traz preocupação aos dirigentes do Onçafari

Por Monica Nunes, de conexãoplaneta.com.br

Esta é a terceira vez que conto sobre o paradeiro do filhote de veado-campeiro albino avistado no Pantanal, em outubro de 2023, por um grupo de turistas do Onçafari, acompanhado pelo guia e fotógrafo Fábio Paschoal. Um mês depois, aqui estava ele novamente mostrando que o filhote continuava saudável e forte.

E cada vez que algum dos membros da organização o encontrar e fizer registros desta criatura que parece mágica, vai ser uma alegria pra todos – pra nós, aqui, também -, já que há grande preocupação com sua proteção contra predadores devido à vulnerabilidade de sua condição. Mas, pelo visto, a região não a expõe a tantos perigos e a mamãe desta belezinha está cuidando muito bem dela.

Esta semana, foi a vez da bióloga e guia (e ótima fotógrafa também) Giovanna Leite avistar a dupla. Um presentão que ela aguardava desde que começou a trabalhar no Onçafari, no início deste ano. “Desde que cheguei aqui queria muito avistar a albina. Sabia que ela estava viva e bem”, conta. 

E, de acordo com seu relato, este foi um encontro ainda mais encantador. Não só porque o filhote já cresceu um bocado, visivelmente, mas também porque a troca de afeto e carinho entre ela e sua mãe marcou praticamente todos os momentos registrados por ela, que estava em campo, na companhia de Natália Cará, também bióloga da equipe do Onçafari.

Mais: segundo Giovanna, “a filhotinha albina parece uma fêmea porque já está numa idade em que os chifres começariam a nascer, se fosse macho, e não há sinal de chifres”. No próximo avistamento será possível fazer essa afirmação com mais segurança, se assim for.

COM CARINHO E COM AFETO

“Estávamos a pé, em campo, em monitoramento de onças, quando as avistamos. Fomos nos aproximando devagarinho e elas pareciam vir em nossa direção, devagar também. A mãe, sempre atenta, não demonstrou medo, e logo a filhotinha começou a explorar ao redor. As duas pareciam muito confortáveis com nossa presença”. 

Giovanna destacou o quanto é positivo perceber a segurança com que os animais ficam próximos – mas distantes – dos seres humanos, o quanto contribui para o desenvolvimento do turismo na região. “As pessoas veem os animais, compreendem a beleza de sua proteção e se engajam”. 

 

Ela conta que, por vários momentos a filhotinha se afastava da mãe, explorando o ambiente, e logo voltava para ela. “E as duas começavam a se lamber, a se acariciar. Deu pra ver muito bem essa relação carinhosa entre elas, tao importante para o desenvolvimento do filhote”, relatou. 

“Fiquei extremamente feliz com esta experiência. Eu tava tremendo inteira, com o coração acelerado e não acreditando que eu tava vendo aquilo acontecer ali, na minha frente. A interação de dois animais selvagens, mãe e filha. Perceber que os animais estavam se sentindo seguros próximos da gente também. É muita emoção, em especial ver o carinho entre as duas. Muito gratificante!”.

E completou: “Quando você está perto desses bichos e consegue ver a interação entre eles, que são selvagens, num comportamento muito natural, é impossível não refletir sobre todas as coisas da vida, refletir sobre o quanto é lindo e o quanto a gente tem que preservar esses ambientes. Estamos perdendo muitos ambientes naturais e perdendo toda essa beleza. Então, ver animais assim, num ambiente tão seguro, e um bicho tão incrível e raro, como esse, te transforma. Foi um dos avistamentos mais lindos e emocionantes que eu já vi até agora”.

MÃES ONÇAS

Aliás, de acordo com as aventuras de Giovanna, me parece que a disputa é acirrada no quesito ‘melhor avistamento’ porque, em seguida, lembrou de outros dois encontros que também mexeram muito com ela: a onça-pintada Aracy com dois filhotes, e a onça-pintada Gaia com Malala, adultas monitoradas pelo Onçafari. Repare que são também experiências relacionadas à maternidade.

Os dois encontros aconteceram antes de avistar a filhote albina, imagina!

“Eu ainda estou sem acreditar, em menos de um mês aqui no Pantanal, realizei um dos meus maiores sonhos: presenciar o cuidado parental de onças-pintadas selvagens“, escreveu em seu perfil no Instagram. “Estou trabalhando com esses animais incríveis, monitorando essas espécies e depois de uma espera de 4h, essa mãe, chamada Aracy, que é uma das onças monitorada por aqui, começou a vocalizar e a chamar seus filhotes, que ainda não conhecíamos, de dentro da mata”.

“A gente respeita os animais, claro, mas como Aracy é muito habituada com os humanos, foi possível ficar ali observando, à vontade. Também foi um dos momentos mais lindos que eu já vi. Foi uma cena inesquecível, repleta de cuidado, brincadeiras entre eles e uma emoção enorme pra mim”.

Ver Gaia e Malala também está entre as melhores recordações deste pouco tempo em que vive no Onçafari. “Estou acompanhando a habituação da Gaia com sua filhotinha curiosa e tem sido muito lindo. E tive a oportunidade de presenciar momentos de cuidado entre mãe e filhote, com carícias, brincadeiras e, (por assim dizer?) amor”, escreveu ela.

“Foi incrível ver Gaia e Malala juntas, interagindo, brincando e se limpando. Parece inacreditável poder assistir a esse comportamento entre bichos que vivem na natureza. Não me canso de admirar essa relação e claro, de poder aprender todos os dias com esses bichos, com sua resiliência e força”, finalizou.

Assista o vídeo do avistamento das onças-pintadas Araci e sua mãe: QUE MOMENTO! 🐆 Eu ainda estou sem acreditar, em menos de um mês aqui no Pantanal, realizei um dos meus maiores sonhos: presenciar o… | Instagram

 

Assista o vídeo do avistamento das onças pintadas Gaia e Malala: GAIA E MALALA 🫶🏼 Pensa em uns bichinhos especiais pra mim? São essas duas aqui 🫶🏼 Desde que eu cheguei, estou acompanhando a habituação… | Instagram

(Suzana Camargo, de conexaoplaneta.com.br/01 de março de 2024/ Foto Giovana Leite0