APÓS 200 ANOS, CAVALOS-DE-PRZEWALSKI VOLTAM A GALOPAR NAS ESTEPES DO CAZAQUISTÃO

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 Raça foi considerada extinta na natureza, tendo sido recuperado através de reprodução em cativeiro; aos poucos, está sendo reintroduzido na natureza, no Cazaquistão.

 Há 200 anos os cavalos-de-przewalski (Equus ferus przewalskii) não eram mais vistos galopando pelas estepes do Cazaquistão, na região da Ásia Central. 

Essa subespécie selvagem, de porte menor do que seus contra-pares domesticados, também era observada na Mongólia e na China, mas foi extinta na natureza.

Mas graças a esforços de conservação, o cavalo-de-przewalski é um exemplo de sucesso de como o ser humano pode reverter o impacto negativo de sua presença no planeta. Através da reprodução em cativeiro desse animal, pouco a pouco ele está sendo reintroduzido em seu habitat natural.

 E foi isso o que aconteceu há poucos dias no Cazaquistão.

Sete cavalos-de-przewalski, quatro éguas e um macho originários de um zoológico, em Berlim, na Alemanha, e duas outras fêmeas, vindas de um zoológico em Praga, na República Tcheca, viajaram cerca de 30 horas de avião para serem soltas na natureza.

Os animais foram transportados num avião de carga da Força Aérea Tcheca e depois escoltados por seguranças em solo.

“Este é o início de um novo capítulo na história do último cavalo selvagem do planeta”, diz Miroslav Bobek, diretor do Prague Zoo.

Acredita-se que essa subespécie representa os únicos cavalos selvagens restantes no mundo, já que outros foram domesticados pelos seres humanos.

“Foi um momento histórico: o primeiro passo para o regresso dos cavalos selvagens a uma outra região, onde viveram no passado, e ao mesmo tempo o culminar de um esforço tremendo de muitas pessoas. Todos elas, estivessem no local ou a milhares de quilômetros de distância, podiam respirar aliviadas, e algumas tinham lágrimas nos olhos”, afirmou Bobek, que acompanhou a viagem dos animais e a reintrodução no Cazaquistão.

A documentação de todos os cavalos-de-przewalski é mantida desde 1959, num livro genealógico internacional gerido pelo Zoológico de Praga. Desde 1986, os esforços de reprodução em toda a Europa têm sido coordenados pelo Jardim Zoológico de Colônia, na Alemanha, como parte do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas. 

Foi unicamente graças a esta cooperação internacional que esta subespécie rara sobreviveu – não apenas nos jardins zoológicos europeus, mas também nos jardins zoológicos dos Estados Unidos e da antiga União Soviética.

Entre 2011 e 2019, o mesmo processo de reintrodução desses cavalos ocorreu na Mongólia. Hoje existe uma população de cerca de 1.500 indivíduos no país.

No Cazaquistão, a previsão é que mais 40 animais sejam transportados até lá nos próximos cinco anos.

(Da redação, com conteúdo de conexaoplaneta.com.br – Suzana Camargo – 10/6/2024 – Foto:  D Rosengren / Global Rewilding Alliance)

 

Primeiros passos na vida nova, em plena liberdade
Foto: Miroslav Bobek, Prague Zoo