ARTIGO – MULHERES NA ENGENHARIA

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A propósito do Dia Internacional das Mulheres na Engenharia (23 de junho

Hoje, no Brasil, 25% dos profissionais da área tecnológica são mulheres, de acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Isso representa 6% a mais do que em 2022, ou seja, mais mulheres atuando em profissões que até não muito tempo atrás tinham representação feminina quase nula. 

Apesar de o número ainda ser baixo comparado à presença masculina, que é predominante, a diversidade de gênero tem se fortalecido ano após ano, nas Engenharias, Agronomia, Geociências e Tecnologia, algo que podemos celebrar, mas não nos acomodarmos, pois há muito a ser feito.

Há mais de 30 anos, quando ingressei na faculdade de Engenharia Civil, na minha turma de 120 alunos, éramos apenas 15 mulheres. 

Eu fui a quinta engenheira formada na minha cidade, em Rio Claro, uma realidade que tem mudado progressivamente com o crescimento da participação feminina em funções tecnológicas. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), entre os anos de 2015 e 2022, esse aumento foi de 60%, e consequentemente mais espaços são gerados para nós no mercado, inclusive em cargos de liderança. 

Atualmente, no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), tenho a honra e o desafio de ser a primeira mulher a assumir o cargo de presidente. Essa mudança paradigmática acontece também do lado de dentro, em que, entre os 700 colaboradores, contamos com 32% de líderes mulheres.
 

Foi justamente para fortalecer este espaço no mercado de trabalho, que criou-se o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, comemorado em 23 de junho. 

A data existe desde 2014 e vai ao encontro dos projetos que o Crea-SP busca realizar para ampliar a valorização e o protagonismo feminino, assumindo o seu compromisso com a equidade de gênero em iniciativas promovidas pelo Programa Mulher.

Criado em 2021, esse projeto tem como base a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – especificamente o de número cinco, que trata sobre o assunto.

A equidade de gênero é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e sustentável, por isso, incentivar a presença de mais mulheres em cargos da área tecnológica e nas salas de aula reflete diretamente nessas conquistas. Sendo assim, seguiremos trabalhando pelo reconhecimento da capacidade técnica sem distinções. Continuaremos a provar que a combinação da diversidade e de diferentes perspectivas em um mesmo projeto, independente da área, garante melhores resultados e ideias mais inovadoras.
 

As ações que visam a inclusão e a igualdade não são apenas simbólicas, elas representam passos concretos na direção de um futuro mais justo para todas as pessoas. Esse é um trabalho contínuo que exige o compromisso de todos nós. Precisamos, com urgência, corrigir desigualdades históricas e enriquecer o campo tecnológico com a contribuição das mulheres, pois o nosso futuro depende das decisões que tomamos agora.
 

*Lígia Mackey é engenheira civil e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) – imagem CREA-SP