OLIMPÍADAS: UMA PRATA, DOIS BRONZES E UMA COLEÇÃO DE MOTIVOS DE ORGULHO

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Willian Lima fica com o vice no judô e fatura a primeira medalha do país na França. Larissa Pimenta leva o bronze e amplia para 26 o número de pódios nos tatames. Rayssa Leal acrescenta um bronze a sua coleção no skate street. Ana Sátila bate na trave na canoagem slalom. 

 
Ontem, 28 de julho, segundo dia oficial de competições nos Jogos Olímpicos de Paris, o Brasil subiu três vezes ao pódio, duas no judô e uma no skate, viu uma medalha inédita na canoagem slalom mais perto do que nunca e acenos promissores na ginástica artística, vôlei de praia, boxe, tênis de mesa e tênis. 

O futebol feminino sofreu uma virada nos acréscimos contra o Japão, o handebol caiu diante da diferença mínima para a Hungria, entre diversas outras modalidades em disputa. Em comum a todas as conquistas, a digital do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal.

 

Com os resultados do dia, o Brasil fechou o domingo na 14ª posição no quadro de medalhas, com uma prata e dois bronzes. A liderança está com o Japão, impulsionado por skate e judô, que soma quatro ouros, duas pratas e um bronze. Na sequência aparecem Austrália (quatro ouros e duas pratas) e Estados Unidos (três ouros, seis pratas e três bronzes).


Confira o resumo da atuação brasileira em 28 de julho
 

JUDÔ 

A primeira medalha do Brasil em Paris 2024 foi do judô e de Willian Lima. O paulista de 24 anos, natural de Mogi das Cruzes, carimbou a prata do meio-leve masculino (66kg) após só parar no japonês Hifumi Abe na grande decisão. 

Após receber a premiação, Willian logo correu para colocá-la no pescoço do pequeno Dom, de 10 meses. O pódio do atleta simbolizou a primeira final masculina com um brasileiro desde Sydney, em 2000, quando Tiato Camilo e Carlos Honorato também foram prata.

No caminho até o pódio, Willian estreou com bela vitória sobre Sardor Nurillaev, do Uzbequistão, projetando o adversário a seis segundos do final do combate. Nas oitavas, superou Serdar Rahimov, do Turcomenistão, nas punições (3-0). Nas quartas, encarou o judoca da Mongólia, Bashkuu Yondonpenrelei, e manteve o bom rendimento. Numa luta dura, projetou o adversário na fase de golden score. Na penúltima luta, enfrentou o cazaque Gusman Kyrgysbayev e, também na “prorrogação”, encaixou uma projeção perfeita e garantiu-se na final. 

Na decisão, encarou o japonês Hifumi Abe, campeão olímpico em Tóquio 2020 e tricampeão mundial. O brasileiro até conseguiu aplicar algumas entradas, mas Abe levou a melhor na efetividade e projetou o brasileiro duas vezes para selar o resultado.
 


BRONZE DE LARISSA

Poucos minutos depois, mais um pódio nos tatames. Larissa Pimenta venceu a campeã mundial Odette Giuffrida, da Itália, na disputa de bronze do 52kg, para carimbar a segunda medalha do Brasil na competição.

 Larissa estreou com vitória por ippon ao finalizar Djamila Silva, de Cabo Verde, com uma chave de braço. Nas oitavas, superou a britânica Chelsea Giles com uma projeção que valeu um waza-ari no golden score. 

Nessa fase, Larissa encarou a heroína local, Amandine Buchard, da França, e foi surpreendida por uma imobilização no golden score. Na repescagem, Larissa enfrentou a alemã Mascha Ballhauss.


 No retrospecto do ano, Larissa levava a pior, com duas derrotas. Mas, em Paris, a vitória veio na hora certa. Pimenta buscou uma projeção, derrubou a alemã e a finalizou com estrangulamento. Na disputa de bronze, Larissa pegou outra adversária contra quem o retrospecto não ajudava. A atual campeã mundial e duas vezes medalhista olímpica Odette Giufrida, da Itália. A luta seguiu até o golden score, com as duas empatadas em duas punições, até a italiana ser punida pela terceira vez por falta de combatividade.
 

Ao perceber que tinha conquistado o bronze, Larissa se emocionou e não conseguia sair do tatame.  


LONGA TRADIÇÃO 

Com as duas medalhas, a tradição do Brasil nos tatames olímpicos está mantida. Nenhum outro esporte brasileiro subiu tanto ao pódio quanto o judô. 

Com as duas conquistas deste domingo, são 26: quatro ouros, quatro pratas e 18 bronzes. O país só não conquistou medalhas em três edições olímpicas: Tóquio 1964, Cidade do México 1968 e Moscou 1980. O judô é a modalidade que mais medalhas conquistou para o Brasil em Olimpíadas.


RAYSSA DE BRONZE

Uma das atletas mais celebradas do país, Rayssa Leal confirmou a condição de uma das favoritas do skate street e saiu dos Jogos de Paris com a medalha de bronze. 

Com muita emoção e um recorde olímpico, a brasileira conquistou o terceiro lugar na última manobra. Pâmela Rosa e Gabi Mazetto também participaram, mas foram eliminadas na fase de classificação. 

No skate, há pontuações para as voltas de 45 segundos e para as manobras. Tanto na fase de classificação quanto na final, a brasileira não conseguiu encaixar as voltas de 45 segundos.

Com isso, ficou refém do repertório de manobras únicas que sabe executar para compensar a pontuação aquém do que ela gostaria nas voltas. 

Na fase de classificação, uma nota 92.68, a maior da história da modalidade nos Jogos Olímpicos, ajudou ela a avançar à final em sétimo. Na decisão, bateu o próprio recorde ao encaixar uma manobra com pontuação 92.88. 

Foi suficiente para garantir o bronze. 

O ouro e a prata foram do Japão. Coco Yoshizawa ficou em primeiro com uma nota 96,49, que superou inclusive o recorde de Rayssa, e Liz Akama ficou com a prata. 


UM DEGRAU PARA SÁTILA

Apontada como um dos maiores talentos da história da canoagem slalom do país, Ana Sátila nunca esteve tão perto de um pódio olímpico quando neste domingo. A brasileira terminou a prova do caiaque individual (K1) na quarta posição, um degrau abaixo da zona de pódio. É o melhor resultado de uma mulher na história da modalidade. 

Antes, Sátila já havia feito história ao ser a primeira canoísta a fazer uma final olímpica, na canoa individual (C1), em Tóquio (2021).


Na final, ela marcou 100s68, a 1s75 da medalhista de bronze, Kimberley Woods, da Grã Bretanha. 

O ouro ficou com a australiana Jessica Fox, e a prata com a polonesa Klaudia Zwolinska. Ana disputa a quarta edição de Jogos Olímpicos aos 28 anos. Em Londres 2012, com 16 anos, foi a mais nova da delegação brasileira e conseguiu o 16º lugar no K1. Na Rio 2016, acabou na 17ª colocação na mesma prova. Em Tóquio 2021, ficou na 13ª colocação no K1 e na 10ª no C1.

 

Na terça-feira, 30, Ana Sátila volta às competições para a disputa da fase classificatória da Canoa Individual (C1). Uma hora depois, Pepê Gonçalves disputa a primeira fase do Caiaque Individual (K1) masculino. 

São duas descidas e os 22 melhores avançam para a semifinal. Já as disputas do caiaque cross serão realizadas a partir do dia 2 de agosto e ambos estarão na pista. 


CALDERANO E BRUNA AVANÇAM

Os dois mesa-tenistas mais bem ranqueados do Brasil estrearam com vitória na chave de simples nos Jogos Olímpicos. 

Tanto Hugo Calderano, número 6 do mundo e cabeça de chave número 4, quanto Bruna Takahashi, número 20 do mundo no feminino, superaram os adversários por 4 sets a 0. Hugo teve como adversário de estreia o cubano Andy Pereira, que havia superado na final dos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023. 

Novamente o brasileiro teve amplo domínio e repetiu a vitória por 4 a 0, com 11/8, 11/7, 11/9 e 11/4. 

Na próxima rodada, ele enfrenta o vencedor do confronto entre o espanhol Álvaro Robles e o austríaco Daniel Habesohn. 

Bruna encarou a nigeriana Offiong Edem, número 112 do ranking. Sobrou nas duas primeiras parciais e enfrentou um pouco mais de resistência apenas no terceiro set. No quarto, a nigeriana teve dois set points, mas Bruna teve frieza para sair de 8/10 para fazer 12/10 e fechar o jogo. 

Na próxima fase, a brasileira enfrentará a americana Lily Zhang, número 29 do mundo.
 

KENO AVANÇA NO BOXE

Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023, Keno Marley estreou em Paris 2024 com vitória e classificação para as quartas de final da competição. O brasileiro derrotou o britânico Patrick James Brown na categoria até 92kg por pontos (4-1). O brasileiro retorna ao ringue na quinta-feira para encarar o uzbeque Lazizbek Mullojonov por uma vaga na semifinal. 

 

VÔLEI DE PRAIA 100%

As três duplas que entraram na quadra de areia montada na frente do maior cartão portal francês neste 28 de julho superaram o nervosismo da primeira rodada, venceram e deram sinais de que podem voltar ao pódio olímpico após a ausência da modalidade entre os medalhistas em Tóquio. 

Com a vitória de André e George no sábado, o vôlei de praia brasileiro está invicto em Paris. 

Ana Patrícia e Duda, líderes do ranking mundial, venceram a dupla Doaa Elghobashy e Marwa Abdelhady, do Egito, por 2 sets a 0 (21 a 14 e 21 a 19). Campeãs mundiais em 2022 e vice em 2023, as brasileiras passaram por um segundo set muito bem jogado pelas egípcias.

 

Em uma das últimas partidas do dia, Evandro e Arthur derrotaram a dupla austríaca Horl e Horst por 2 sets a a 0, com parciais de 21 x 18 e 21 x 19. 

Mais cedo, ainda pela manhã, a dupla formada por Carol Solberg e Bárbara Seixas também estreou com vitória. Elas derrotaram as japonesas Akiko Hasegawa e Miki Ishii por 2 a 0, com parciais de 21 a 12 e 21 a 19. 


 BRILHO DE REBECA E DA EQUIPE

A seleção feminina de ginástica artística começou muito bem a participação nos Jogos de Paris. 

Nas classificatórias deste domingo, as atletas garantiram vaga em sete finais.

O grande destaque foi Rebeca Andrade, que se classificou individualmente em quatro das cinco provas que disputou: salto, trave, solo e individual geral. Neste último, foi a segunda colocada, atrás apenas de Simone Biles. 

Flávia Saraiva obteve a vaga no individual geral, enquanto Julia Soares foi para a final na trave. Além delas, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira ajudaram a garantir lugar também na decisão por equipes.

Com o total de 166.499, o Brasil passou na quarta posição. 

No último Mundial, a equipe brasileira terminou com a segunda colocação. As provas da ginástica feminina voltam na terça-feira, 30 de julho, com a final por equipes.
 

VIRADA AMARGA NO FUTEBOL

Em partida decidida nos acréscimos do segundo tempo, a seleção feminina de futebol conheceu a primeira derrota nestes Jogos Olímpicos. 

Jogando no emblemático Parc des Princes, o Brasil perdeu de virada para o Japão por 2 x 1, em partida válida pelo grupo C. O gol brasileiro foi marcado por Jheniffer, enquanto as japonesas marcaram com Kumagai, de pênalti, e Tanikawa, nos minutos finais, numa falha da defesa brasileira. 

A partida marcou o jogo de número 200 da atacante Marta com a camisa da seleção brasileira. Agora, a seleção se prepara para enfrentar a Espanha, na próxima quarta-feira a partir das 12h (de Brasília).

 

POR UM GOL NO HANDEBOL 

Em partida emocionante, decidida na última bola, a seleção feminina de handebol conheceu a primeira derrota em Paris. A equipe foi superada pela Hungria por 25 x 24, em jogo válido pelo grupo B. 

As leoas, como são conhecidas as brasileiras, dominaram praticamente todo o jogo, mas acabaram tomando a virada no último lance. Agora, o Brasil se prepara para o próximo compromisso, contra a França, na terça-feira (30), a partir das 14h (de Brasília). 


RESTA BIA NO TÊNIS

Bia Haddad será a única representante do Brasil na segunda rodada de simples do tênis. A número 22 do mundo superou a pressão da torcida e derrotou a francesa Varvara Gracheva, número 68 do mundo, por 2 sets a 1, parciais de 6/4, 4/6 e 6/0. 

Bia encara na segunda rodada a eslovaca Anna Karolina Schmiedlova e foi a única dos quatro inscritos do Brasil a avançar. 

Primeiro a entrar em quadra, Thiago Wild acabou eliminado por Tomas Martin Etcheverry por 2 a 0, com 7/6(7) e 6/2. 

Thiago Monteiro também enfrentou um tenista melhor ranqueado. Diante de outro argentino, Sebastian Baez, número 18 do ranking da ATP, se despediu da chave em dois sets, com parciais de 6/4 e 6/3. 

Os dois Thiagos terão nova chance nas duplas. 

Laura Pigossi, medalhista de bronze nas duplas no feminino em Tóquio 2020, se despediu dos Jogos. A brasileira se impôs no primeiro set diante da ucraniana Dayana Yastremska, número 26 do mundo. Na sequência, porém, a adversária dominou as ações e virou: 4/6, 7/5 e 6/0.

 (Fontes: SECOM/PR, COB, com foto de Gaspar Nóbrega, do COB)