PESQUISA APONTA PERIGOS “INVISÍVEIS” DAS ACADEMIAS DE GINÁSTICA
Na inspeção visual, 96% dos equipamentos de locais públicos foram reprovados; nas particulares, foram 33%
em ambientes de uso coletivo (Foto: Arquivo Pessoal)
De acordo com a “International Health Racquet & Sportsclub Association”, entidade que reúne profissionais do setor de exercícios físicos ao redor do mundo, o Brasil é o segundo país com a maior concentração de academias do planeta. Com o crescente número de usuários frequentando o mesmo local e compartilhando a mesma estrutura, surgem questões relacionadas à higienização.
Publicado na revista científica “Journal of Human Environment and Health Promotion”, o artigo “Academias de ginástica, quão seguros estão esses ambientes?”, do professor da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), André Luiz Alvim, em parceria com as alunas do oitavo período do curso, Bianca Ananias e Daniela Batista, busca alertar a população sobre a limpeza e a desinfecção, com foco na segurança desses ambientes de uso coletivo.
“Uma coisa interessante é que nós somos da enfermagem. E o que a enfermagem tem a ver com algo que todo mundo acha que é da educação física? A enfermagem trabalha com prevenção e controle de infecção, com qualidade de vida. E todos estes aspectos são encontrados na academia. Prevenção e controle de infecção é trabalhar com o invisível. Os microorganismos a gente não vê. Então, como que a gente trabalha e conscientiza as pessoas em relação ao invisível? Por isso, observamos que o tema é muito menosprezado”, explica Alvim.
Pesquisa
Para o artigo, foi realizada uma pesquisa de campo em duas academias de Juiz de Fora, uma pública e outra privada, que passaram por um estudo detalhado a partir da inspeção de equipamentos de alta rotatividade de uso e toque. No total, o estudo contou com 120 avaliações, sendo 48 inspeções visuais, 48 testes de proteína (sujeira) e 28 testes pelo método de fluorescência.
da academia pública pesquisada (Foto: Arquivo Pessoal)
De acordo com Bianca e Daniela, as inspeções visuais já detectavam a sujeira dos aparelhos das academias avaliadas. “Para entendermos a dinâmica de cada academia, fizemos a planta do local. Assim, conseguimos ter a visualização de onde ficava o dispenser de álcool em gel e a distância dele para os aparelhos”, explica Daniela.
Como resultado, foi possível detectar, por exemplo, que a academia pública possuía somente um dispenser com álcool 70% e não havia toalhas para higienização.
Entre os equipamentos que mais apresentaram presença de sujeira, destacaram-se barra de agachamento, halter de 8 kg, hack e leg press.
Entre os que deram positivos na fluorescência, leg press, halter de 8kg e voador. A presença de sujidades visíveis foi verificada em 95,8% da academia pública e 33,3% na academia privada.
Com isso, conforme o estudo, entende-se que a limpeza e a desinfecção nas academias avaliadas foram inadequadas, precisando ser aprimoradas para reduzir riscos de contaminação entre os usuários.
“A academia precisa ter uma frequência para fazer a limpeza e a desinfecção das superfícies, incluindo chão, parede, banheiro e, principalmente, os aparelhos de malhar. O volume de pessoas que frequentam o local é muito alto e, por isso mesmo, é importante esta periodicidade. A academia precisa também fornecer insumos necessários para a higienização pelos usuários.”
Como prevenir?
De acordo com Alvim, entre as maneiras de prevenir e evitar o contágio entre os usuários, estão o fornecimento, pela academia, de insumos para higienização das mãos (como álcool 70%), água, sabão e papel toalha. Além disso, é indicado que cada usuário leve sua própria toalha para colocar sobre a superfície onde vai encostar, a fim de reduzir os riscos de transmissão.
(Da redação. Fonte e imagem UFJF)