FILHOTES DE JACUTINGA VOAM DO PARANÁ PARA PROJETO DE REINTRODUÇÃO EM SÃO PAULO
Aves nascidas no Parque das Aves, no Paraná, farão parte do Projeto Jacutinga, que tem como objetivo reintroduzir a espécie na área da Serra da Mantiqueira. A espécie e considerada em risco de extinção.
Quatro filhotes de jacutinga (Aburria jacutinga) voaram nesta segunda-feira (03/09) de Foz do Iguaçu, no Paraná, para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, para depois seguirem de carro para uma área protegida na Serra da Mantiqueira, em São Francisco Xavier, a cerca de 130 km de distância.
As aves nascidas no Parque das Aves farão parte do Projeto Jacutinga, uma parceria com a Sociedade para Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), que tem como objetivo reintroduzir a espécie naquela região.
Encontrada em áreas de Mata Atlântica de diversos estados do Brasil no passado, hoje a espécie é considerada em risco de extinção. Sua população é estimada em aproximadamente 2 mil indivíduos e com tendência de declínio.
Desde 2017 o projeto “Voa Jacutinga” do Parque das Aves já enviou 19 aves para serem reintroduzidas em São Paulo.
“Temos um trabalho integrado de diversas áreas do parque, que cuidam de aspectos reprodutivos, neonatais, veterinários e comportamentais dos animais. Todos esses cuidados garantem que essas jacutingas tenham uma chance maior de serem reintroduzidas e repovoar áreas onde a espécie já desapareceu por conta da ação humana”, diz Roberta Manacero, gerente de curadoria animal do Parque das Aves.
Ela explica que entre os principais fatores que provocaram o desaparecimento das jacutingas das matas brasileiras estão a caça, a degradação de seu habitat e a exploração ilegal de uma importante fonte de alimento da espécie: a palmeira-juçara (Euterpe edulis), que assim como a jacutinga, também é endêmica da Mata Atlântica.
“Um dos destaques do projeto ‘Voa, Jacutinga’ é a promoção do engajamento do público para a proteção da jacutinga, incentivando a conscientização sobre a importância ecológica da espécie e a relação com a palmeira-juçara, com o objetivo de motivar ações de conservação e reduzir o consumo de produtos ilegais de palmito-juçara, que afetam negativamente a espécie”, ressalta Roberta.
Processo de reintrodução gradual na natureza
A jacutinga possui penas predominantemente negras com tons arroxeados, detalhes em branco nos ombros e na cabeça, bico azulado e nas barbelas as cores azul e vermelha. Outra característica que a difere dos representantes do gênero Aburria é a fronte negra e a região ao entorno dos olhos em branco. E quando fica em estado de alerta, ganha uma crista eriçada e branca.
A espécie não costuma fazer voos longos. Permanece a maior parte do tempo na copa das árvores. Quando vai ao chão, é sempre por pouco tempo. Sua dieta é muito diversificada, ingerindo sementes, frutos, folhas, flores e insetos.
O processo de reintrodução dos filhotes que agora chegam na Serra da Mantiqueira será gradual, afinal eles nasceram em cativeiro. Após um período de aclimatação e treinamento, a porta do recinto onde as aves estarão no meio da mata é aberta e há um convite sutil para que examinem a floresta do entorno. Elas podem escolher sair quando se sentirem mais seguras e continuarão a ser monitoradas ainda por um longo tempo.
Os filhotes de jacutingas foram transportados gratuitamente pela companhia aérea LATAM através do programa Avião Solidário.
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(Da redação, com conteúdo de conexaoplaneta.com.br – Suzana Camargo – 3/9/2024 – Foto: Parque das Aves – divulgação)