ESTUDOS INDICAM QUE SEU CELULAR OUVE SUA FALA PARA INDICAR ANÚNCIOS
Novas informações reforçam a hipótese de que empresas como Google, Amazon, Microsoft e Meta estejam usando o microfone do celular para ouvir usuários e recomendar anúncios. Entenda
(De showmetech.com.br)
Já teve a impressão de que seu celular ouve o que você fala? Muitas pessoas já relataram que, apesar de terem falado sobre alguma coisa sem ter pesquisado sobre a mesma, ainda assim, receberam anúncios sobre aquele assunto. A empresa de mídia 404 Media fez um relatório falando sobre uma nova ferramenta que está à venda e é capaz de fazer isso – com possíveis danos à privacidade dos usuários. Confira!
BUSCAS ONLINE
Antes de falarmos sobre as empresas em si, vamos entender melhor como essa “espionagem digital” costuma ser aplicada.
Empresas, há muito tempo, dependem das buscas online para entender o comportamento de clientes em potencial. Ao analisarem os dados de pesquisa, conseguem exibir anúncios relevantes para produtos ou serviços que os usuários possam estar interessados em adquirir. Esse tipo de publicidade segmentada é uma forma poderosa de marketing, pois personaliza a experiência com base nos interesses já demonstrados.
Ainda assim, alguns consumidores nem sempre buscam online tudo que precisam. Muitas vezes, os desejos ou necessidades surgem de conversas cotidianas que não são detectadas por algoritmos de busca. Com isso, as empresas têm procurado novas maneiras de obter insights sobre seus clientes, além das tradicionais pesquisas online.
A publicidade segmentada
Com a crescente utilização de dispositivos inteligentes, como smartphones e alto-falantes inteligentes (como o Echo Dot, ou a famosa “Alexa”, da Amazon), a possibilidade de capturar conversas cotidianas e utilizá-las para direcionar anúncios se torna uma realidade.
Esse conceito vai além da publicidade tradicional baseada em pesquisas, permitindo que marcas alcancem os consumidores no momento exato em que discutem suas necessidades. Porém, essa abordagem não passa despercebida pelos críticos, que apontam para o potencial invasivo de privacidade. A tecnologia ainda não foi totalmente verificada, mas já provoca discussões sobre os limites éticos da publicidade digital.
Active Listening da CMG
De acordo com um relatório emitido pelo veículo 404 Media, o grupo Cox Media Group (CMG), empresa de mídia americana, propôs uma estratégia de marketing chamada Active Listening, que usa microfones de dispositivos inteligentes para captar conversas e, assim, personalizar a publicidade de acordo com as necessidades discutidas pelos usuários.
O Active Listening (algo como “Escuta Ativa”, em tradução livre) funciona como uma ferramenta que utiliza inteligência artificial para ouvir conversas por meio de dispositivos com microfones, como smartphones, smart TVs e assistentes virtuais.
Essa tecnologia, segundo a empresa, permite que os anunciantes segmentem seu público-alvo com base no que as pessoas estão discutindo em suas vidas diárias. Em blogs e redes sociais, a CMG destacou que essa inovação está “disponível hoje”, prometendo uma nova era de marketing guiado por dados de voz.
Apesar da promessa da CMG, ainda há dúvidas sobre a veracidade da capacidade de escuta ativa e seu impacto na privacidade dos consumidores. A empresa afirma que seus clientes podem segmentar anúncios por região e perfil demográfico com alta precisão, mas especialistas questionam se a tecnologia funciona como anunciado ou se é mais um golpe de marketing.
O que significaria para o seu negócio se você pudesse atingir clientes em potencial que estão discutindo ativamente suas necessidades de seus serviços em suas conversas do dia-a-dia? Não, não é um episódio de Black Mirror — são dados de voz, e a CMG tem os recursos para usá-los em benefício de seus negócios.
Questões legais
Embora o Active Listening ofereça benefícios para anunciantes, as implicações legais e éticas desse tipo de tecnologia são profundas. A ideia de que dispositivos inteligentes possam ouvir conversas privadas, e utilizar essas informações para publicidade, levanta questões de invasão de privacidade. Embora a CMG sustente que a tecnologia é legal, a falta de transparência sobre como os dados são captados e usados gera grande preocupação.
Muitos consumidores já demonstram desconfiança em relação a dispositivos que contem com a Alexa e o Google Home, temendo que suas conversas possam ser gravadas e usadas sem consentimento. Isso só reforça a necessidade de regulamentações mais rígidas sobre como os dados de voz são coletados e utilizados.
Posicionamento das marcas citadas
Grandes nomes da tecnologia, como Meta, Amazon, Google e Microsoft, foram mencionados em relatórios como possíveis parceiros da CMG em seu novo serviço de escuta ativa; porém, tais empresas negaram qualquer envolvimento com o programa. A Meta, por exemplo, declarou que não usa os microfones dos celulares para fins publicitários, enquanto Amazon e Google reforçaram que qualquer campanha publicitária deve seguir estritamente as leis de privacidade.
Para o veículo Mashable, as empresas citadas emitiram as seguintes notas:
Amazon Ads nunca trabalhou com CMG neste programa e não tem planos de fazê-lo.
Nota da Amazon ao Mashable sobre seu possível vínculo com a CMG e o novo Active Listening
Todos os anunciantes devem cumprir todas as leis e regulamentações aplicáveis, bem como nossas políticas do Google Ads e, quando identificarmos anúncios ou anunciantes que violem essas políticas, tomaremos as medidas adequadas.
Nota do Google ao Mashable sobre seu possível vínculo com a CMG e o novo Active Listening
Estamos investigando e tomaremos todas as ações necessárias de acordo com nossas políticas.
Nota da Microsoft ao Mashable sobre seu possível vínculo com a CMG e o novo Active Listening
A Meta não usa o microfone do seu telefone para anúncios e já tornamos isso público há anos. Estamos entrando em contato com o CMG para que esclareçam que seu programa não é com base em metadados.
Nota da Meta ao Mashable sobre seu possível vínculo com a CMG e o novo Active Listening
(Reprodução de showmetech.com.br – Lucas Gomes – 67/9/2024 – Imagem: Dados online são extremamente valiosos para empresas, inclusive para marketing (Imagem: Reprodução/HugPages)