FÊNIX MOSTRA SINAIS DE BOA RECUPERAÇÃO; VALENTE AINDA PASSA POR CUIDADOS URGENTES
Macaquinho nascido em meio às cinzas do Pantanal foi encontrado ainda com o cordão umbilical. Resgatado, está recebendo cuidados para tentar sobreviver. Anta batizada de Valente foi encontrada debilitada e desidratada, ainda recebendo cuidados constantes.
A história de Fênix é uma das muitas que temos noticiado nas últimas semanas e que mostram o impacto dos incêndios no Pantanal sobre a fauna, mas também o esforço e o trabalho árduo de muitos profissionais para resgatar e salvar a vida de centenas de animais silvestres.
Na última sexta-feira (13/09), durante o trabalho de monitoramento das áreas afetadas pelo fogo, realizado por equipes do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) e da Operação Arca de Noé, do Instituto do Meio Ambiente dos Recursos Naturais (Ibama), na região do Salobra, em Miranda (MS), um filhote recém-nascido de macaco-prego (Sapajus apella) foi encontrado no chão, sozinho, em meio às cinzas da vegetação queimada. Ele ainda estava com o cordão umbilical.
Chocados e comovidos com a cena – o macaquinho chorava muito -, os profissionais o levaram imediatamente para uma base local em Miranda, mas na segunda-feira (16/09) decidiu-se pela transferência dele para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande, onde ele passou a receber tratamento intensivo no Hospital de Animais Silvestres Ayty.
O filhote, que foi batizado de Fênix, uma referência à ave mitológica que renasce das cinzas, está sendo amamentado a cada duas horas e recebendo aquecimento constante. “O cuidado com animais silvestres é extremamente delicado e exige muita atenção. Eles são muito sensíveis. Ele foi encontrado ainda com o cordão umbilical, um bebê ainda”, diz Aline Duarte, gestora do hospital do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).
Fênix é apenas um dos muitos animais que foram resgatados desde que os incêndios começaram no Pantanal em agosto.
Alguns não conseguiram escapar do fogo, como a onça-pintada Gaia, outros morreram dias depois, como o macho Antã.
E há aqueles, como esse filhotinho que acabou de chegar ao mundo, que estão recebendo todos os cuidados e atenção de médicos veterinários e biólogos, como Itapira, Melancia, Armandinho e Valente, e que espera-se que possam ser devolvidos à vida selvagem.
A HISTÓRIA DE VALENTE, O BRAVO GUERREIRO
Poucos dias após os incêndios que destruíram 80% da área do refúgio ecológico Caiman, no município de Miranda (MS), no Pantanal Sul, no começo de agosto, Valente foi encontrado numa localidade que tinha sido bastante atingida pelo fogo. A anta, um jovem macho, estava completamente apática. “Ele estava muito debilitado, desidratado. Nem conseguia levantar o pescoço”, diz Ricardo Corassa Arrais, veterinário do Onçafari. “Mas assim que oferecemos água, ele tomou dois baldes de uma vez só”.
Diversos profissionais, inclusive de outras organizações que atuam em projetos de conservação da fauna na Caiman, se uniram para avaliar as condições de saúde do animal e prestar os cuidados iniciais. Valente teve queimaduras severas nas quatro patas e também, nas pontas das orelhas. A situação era grave, ele corria risco de vida.
Levada então para um dos recintos do Onçafari na Caiman, ele começou um tratamento intensivo.
Assim como Melancia, outra anta resgatada, vítima do fogo, Valente está recebendo aplicações de pomadas cicatrizantes, laserterapia e curativos com pele de tilápia, além da ozonioterapia, técnica que usa vapor de ozônio para melhorar a oxigenação dos tecidos. O processo de recuperação deve ser longo. “É um quadro sério, as queimaduras foram severas, mas temos observado uma evolução positiva”, revela Ricardo.
Valente tem aproximadamente um ano. Já estava numa idade em que não andava mais com os pais, pois começava a ganhar sua independência.
Quem escolheu o nome para batizá-lo foi o guia Antônio Wendel Leite Ribeiro, o primeiro a encontrá-lo em agosto. “Durante o resgate, quem realmente localizou o Valente foi o Wendel e eu falei que ele deveria escolher um nome para a anta”, conta o biólogo Diogo Lucatelli, da equipe do Onçafari”. “Wendel disse então que o animal estava lutando muito pela vida, então deveria ser chamado de Valente.”
Projeto Tapirapé
Há mais de dez anos, o Onçafari iniciou um projeto inédito de ecoturismo no Brasil. Nos moldes dos safáris da África para o avistamento de animais selvagens, mas aliando conservação e pesquisa científica, a organização começou a habituar as onças-pintadas na região da Caiman com a presença de veículos. Isso não significava que esses felinos se tornariam menos ariscos diante do ser humano, somente que não os veriam como uma ameaça iminente e, mantendo uma distância, turistas poderiam observá-los.
O resultado do projeto foi tão positivo, que em 2021, o Onçafari decidiu criar o Tapirapé, em nova parceria com a Caiman.
Assim como foi feito com as onças, o Tapirapé também faz a captura eventual (e temporária) de antas que passam a ser identificadas e monitoradas, fornecendo assim mais dados e informações para os estudos da espécie.
Doações através do Recupera Pantanal
Para poder custear o trabalho de resgate e tratamento de animais, como Valente e Melancia, o combate aos incêndios e a compra de novos materiais, que foram destruídos pelo fogo, o Onçafari lançou a campanha Recupera Pantanal. Através do site é possível escolher um valor para ajudar o trabalho da equipe da ONG.
Ou então, você pode fazer um depósito diretamente pelo PIX 24.030.384/0001-53
Doe, ajude e compartilhe!
(Da redação, com conteúdo de conexaoplaneta.com.br – Suzana Camargo – 17/9/24 – Foto de Fênix: divulgação Fernando Faciole – Foto de Valente: divulgação Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul)
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