GARRAFAS DE ÁGUA: CONSUMO: 1 MILHÃO POR MINUTO; RECICLAGEM: 9%

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1 milhão de garrafas de água são compradas por minuto no planeta e apenas 9% delas são recicladas; elas são o segundo detrito mais encontrado nos mares e seu consumo é desnecessário. Leia porquê.

 É preciso repensar urgentemente o consumo de água engarrafada no mundo. 

O alerta foi feito esta semana por especialistas de saúde em um artigo publicado no jornal internacional BMJ Global Health. Estima-se que 1 milhão de garrafas de água são compradas por minuto no planeta. E esse consumo deve aumentar ainda mais.

A preocupação dos autores do artigo não é apenas ambiental, apesar de ser citada – somente 9% das 60 milhões de garrafas vendidas por hora são recicladas e elas são o segundo detrito mais encontrado em nossos oceanos -, mas com a questão de saúde. A maioria dos consumidores desses produtos são levados a acreditar que estão ingerindo uma água melhor.

“Cerca de 2 mil milhões de pessoas em todo o mundo com acesso limitado ou inexistente à água potável dependem de água engarrafada. Mas para o resto de nós, é em grande parte uma questão de conveniência e da crença inabalável – auxiliada e incentivada pelo marketing da indústria – de que a água engarrafada é mais segura e muitas vezes mais saudável do que a água da torneira”, afirmam os autores do texto.

Em muitos países que costumamos chamar de “desenvolvidos”, como Estados Unidos, Canadá e os da Europa, por exemplo, a água da torneira é potável, ou seja, pode ser bebida com segurança. Mesmo assim, milhões de pessoas continuam comprando a engarrafada.

Os pesquisadores do Weill Cornell Medicine, instituição ligada à Universidade de Cornell, afirmam que a qualidade de muitas águas engarrafadas não passa por uma avaliação rigorosa como a da torneira e além do mais, sua embalagem, feita de plástico, pode conter uma série de substâncias químicas nocivas à saúde humana.

Entre 10% e 78% das amostras de água engarrafada contêm contaminantes, incluindo microplásticos, frequentemente classificados como desreguladores hormonais (endócrinos), e várias outras substâncias, incluindo ftalatos (usados ​​para tornar os plásticos mais duráveis) e bisfenol A (BPA), destacam os autores do artigo.

Eles ressaltam ainda que a “contaminação por microplásticos está associada ao estresse oxidativo, à desregulação do sistema imunológico e às alterações nos níveis de gordura no sangue. E a exposição ao BPA tem sido associada a problemas de saúde na velhice, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.”

O grupo de especialistas recomenda uma regulamentação mais forte de governos sobre a comercialização de águas engarrafadas, assim como uma campanha de esclarecimento para a sociedade sobre o impacto da utilização desse tipo de produto.

“Estas campanhas devem destacar a gestão ambiental e os benefícios para a saúde da escolha da água da torneira, conduzindo efetivamente a uma mudança cultural no sentido de práticas de consumo mais sustentáveis”, sugerem. “A dependência [da água engarrafada] acarreta custos significativos para a saúde, financeiros e ambientais… Os governos devem enfrentar urgentemente estas questões, incluindo aqueles em países de baixa e média renda, onde existe uma necessidade premente de investir em infraestruturas de água potável segura”, acrescentam.

(Da redação. Fonte: conexaoplaneta.com.br – 25/9/24 – Suzana Camargo – Foto: Unsplash/CC0 Public Domain)