Evento da ONU em Lisboa reunirá comunidade internacional para debater poluição marinha, conservação de ecossistemas, pesca sustentável e ODSs; metade das espécies marinhas corre risco de extinção até 2100.
A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas começará em 27 de junho, em Lisboa e reunirá a comunidade internacional para debater questões críticas sobre a saúde dos cinco oceanos: combate à poluição marinha, conservação e restauração de ecossistemas, pesca sustentável e alcance do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, (número 14 da Lista Onu), ligado aos mares.
Entidades e governos focarão na mobilização de parcerias, para reverter o declínio dos oceanos.
Segundo especialistas, o aumento das emissões de carbono está acidificando os oceanos, que também estão sendo sufocados pelo lixo plástico. Por isso, mais da metade das espécies marinhas poderá estar em risco de extinção até 2100.
As soluções para reversão da situação existem, e serão debatidas durante o evento de cinco dias. A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas é co-organizada pelos governos de Portugal e do Quênia, com liderança da Fundação Oceano Azul, de Portugal.
Para os representantes dessa entidade, agenda dos oceanos é determinante para a sobrevivência da espécie humana. Cerca de 600 organizações não-governamentais estão unidas na campanha “Rise Up – Juntos pelo Oceano”, uma iniciativa liderada pela Fundação Oceano Azul, de Portugal, pela Ocean Unite e pela Fundação Oak.
As entidades da sociedade civil querem colocar pressão sobre governos e empresas, para que invistam em ações que levem à recuperação da vida marinha, a um futuro com neutralidade carbônica e que apoiem as comunidades costeiras.
Pesca artesanal
O projeto começou a tomar forma em 2019, mas com a Conferência dos Oceanos da ONU se aproximando, o chamado para ação ganha nova relevância.
O presidente da Comissão Executiva da Fundação Oceano Azul concedeu entrevista para a ONU News, em Lisboa, e explicou que valorizar a pesca artesanal é parte central da campanha.
“Dedicar o mar territorial apenas às pescas artesanais e não permitir que as frotas de pescas industriais pesquem dentro dos mares territoriais. Porque são essas as zonas ecologicamente mais sensíveis dos oceanos, são onde verdadeiramente existem as maternidades. Portanto, poder preservar esses recursos para as comunidades costeiras, para os povos indígenas, nós pensamos que é de alguma maneira proteger o pilar ambiental e ao mesmo tempo, investir no pilar social.”
Tiago Pitta e Cunha espera que este tipo de medida esteja na mesa de negociações durante a Conferência dos Oceanos; na sua opinião, falta liderança neste sentido e os países precisam perceber que criar uma governança global para a proteção dos oceanos é primordial para o futuro do planeta.
Portugal e Quênia são os países na linha de frente da organização da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, evento que reunirá cerca de 12 mil participantes de governos e da sociedade civil em Lisboa.
Outra meta defendida pela campanha Juntos pelos Oceanos é a eliminação de todos os plásticos de utilização única não essenciais e a redução da produção de plástico até 2025.
Foto: © Ocean Image Bank/Brook Peters
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