De acordo com relatório do S.O.S. Pantanal, que mapeou áreas críticas, a antecipação da seca aumenta o perigo de queimadas maiores do que a de 2021
A seca no Pantanal está prolongada, sem o período de chuvas, que ainda não chegou – e, de acordo com o Instituto SOS Pantanal, os perigos para que incêndios se proliferem são grandes, podendo atingir recordes.
O monitoramento do Instituto SOS Pantanal constatou que, de outubro de 2021 a fevereiro de 2022, a chuva tradicional não ocorreu, enquanto matéria orgânica que serve de combustível para o fogo ficar descontrolado está concentrada no Pantanal Sul, abrangendo principalmente os municípios de Aquidauana, Miranda e parte de Corumbá.
Esse relatório foi condensado a partir da nota técnica “Estiagem e risco de fogo no Pantanal Sul”, concluído em abril e encaminhado para autoridades governamentais no fim de maio.
O relatório fez um estudo de caso na região sul, constatando que o cenário está favorável para propagação de incêndios florestais, já que a quantidade de chuva está muito abaixo da média, indicando uma antecipação do período de estiagem no bioma.
A análise indica que, principalmente no Pantanal do Mato Grosso do Sul, nas regiões de Miranda e Aquidauana, o risco de incêndios florestais este ano está muito elevado. As condições propícias e o acúmulo de biomassa (matéria orgânica) potencializam as chances de eventos de fogo mais extremos.
O QUE FAZER
Apesar do cenário ser preocupante, o S.O.S. Pantanal afirma que há medidas preventivas que podem reduzir a suscetibilidade das áreas em relação aos incêndios, como o licenciamento ambiental para a confecção de aceiros(linhas abertas na vegetação a fim de coibir o adentramento de fogo em propriedades rurais), realização de campanhas educativas, operações de prevenção aos incêndios florestais com monitoramento contínuo das queimadas, fiscalização ambiental e rondas com apoio da polícia ambiental.
“Há meios de se evitar este cenário em 2022, a partir de medidas que sejam de interesse comum a toda a sociedade civil pantaneira, assim como do poder público. Medidas como a regulamentação dos Planos de Manejo Integrado do Fogo e a celeridade em licenças de supressão para confecção de aceiros se fazem cada vez mais necessárias e oportunas”, detalhou o estudo do SOS Pantanal, ONG que compõe o grupo Observatório Pantanal, que conglomera entidades para preservar o bioma.
Nessas áreas onde foi constatado maior perigo, as propriedades rurais são mais valorizadas do que em outras regiões do bioma, principalmente as que se concentram no município de Corumbá.
De acordo com estudos desenvolvidos pelo SOS Pantanal, a partir desse período de seca longo no bioma, iniciado em 2019, os fatores que contribuíram para os incêndios foram o acúmulo de combustível orgânico (que antes ficava submerso) e a ocorrência de incêndios criminosos.
Em 2021, por exemplo, a queima controlada com licença ambiental foi interrompida e, de certa forma, isso ajudou a aumentar o material de combustível. Neste ano, há liberação para manejo com o fogo, prática, inclusive, que é comum ao pantaneiro.
O critério que não favorece o meio ambiente é que a seca no Pantanal Sul acabou sendo antecipada, sem a chuva entre o fim de 2021 e este primeiro semestre de 2022.
Para o SOS Pantanal, que tem em torno de 400 brigadistas em todo o bioma e o monitoramento de uma área extensa, a necessidade de ações em áreas privadas é necessária para reduzir os riscos de incêndios neste segundo semestre.
Entre o Cerrado e o Pantanal, regiões que abrigam espécies diversas da fauna e da flora, a fragilidade é maior para o fogo espalhar de forma rápida.
“É indubitável o assunto sobre a seca que ocorre no Pantanal nos últimos anos. A questão que ainda se reflete para todos é a persistência deste fenômeno neste e nos próximos anos; por consequência, os possíveis impactos e a vulnerabilidade socioambiental. Quanto à permanência do evento extremo, em outubro e novembro de 2021, a quantidade de chuvas foi bastante abaixo da média. Nos primeiros meses de 2022, a redução das chuvas também foi uma realidade”, detalhou nota técnica, que analisou dados de precipitação até março.
CHUVAS
O alerta está sendo feito, mas a ONG espera que as medidas tomadas e em andamento previnam uma grande catástrofe ambiental.
Uma delas é o estabelecimento do Plano de Manejo Integrado do Fogo (Pemif), que foi estabelecido pelo governo do Estado em 2021.
O desafio a ser superado é a disseminação desse regulamento para o maior número de propriedades rurais localizadas no Pantanal.
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