COMBATE AO FUMO: VEJA OS MALEFÍCIOS DO TABACO E DOS CIGARROS ELETRÔNICOS
No dia 29 de agosto, o Brasil comemora o Dia Nacional de Combate ao Fumo, para reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Trazemos hoje entrevista concedida há um ano por oncologista do Hospital Leforte, mas que ainda é extremamente atual.
O dia 29 de agosto marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo, uma data de extrema importância contra o tabagismo no Brasil. Após décadas de luta e marcos na legislação que rege a comercialização do cigarro, o Brasil alcançou índices de redução de fazer inveja a qualquer país do mundo: nos últimos 30 anos, conseguimos reduzir em 50% o número da população de fumantes. Atualmente, mais de 90% dos brasileiros declaram-se não-fumante.
O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica pela Organização Mundial de Saúde e está relacionado ao desenvolvimento de inúmeras doenças, entre elas, vários tipos de câncer. Para falar sobre o assunto, o Grupo Leforte convidou a oncologista clínica Dra. Fauzia Naime.
Quais doenças podem ser associadas diretamente com fumar tabaco?
DRA. FAUZIA NAIME – as pessoas que fumam estão expostas continuamente a mais de 4.700 substâncias nocivas, sendo que muitas são cancerígenas, a exemplo do benzopireno, de metais pesados e de substâncias radioativas. Mais de 50 doenças estão associadas ao tabagismo, como derrame cerebral, infarto do miocárdio, angina, enfisema pulmonar e vários tipos de câncer, tais como: câncer de cabeça e pescoço, de pulmão, de esôfago, de estômago, de pâncreas, de fígado, de bexiga, de cólon e reto e de colo do útero.
Qual o prognóstico de tratamento desses tipos de câncer associados ao tabagismo?
DRA. FAUZIA NAIME – o prognóstico vai depender da fase da doença. No câncer de pulmão, por exemplo, sabemos que a taxa de sobrevida de cinco anos se aproxima de 20% e pode chegar a 56% quando o diagnóstico é realizado nos estágios mais iniciais da doença, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer – Inca.
Contudo, o diagnóstico precoce acontece somente em 16% dos casos. Esse é um dos grandes desafios do câncer de pulmão, pois ele começa silencioso ou com sintomas que são pouco específicos. Porém, quanto mais precocemente for diagnosticada a doença, melhor é o prognóstico.
Quantas mortes por doenças associadas ao tabagismo acontecem por ano no mundo e no Brasil?
DRA. FAUZIA NAIME – de acordo com dados publicados pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention, agência dos Estados Unidos responsável pelo controle e prevenção de doenças), o uso do tabaco provoca mais de sete milhões de mortes por ano no mundo todo. A estimativa é que, se o padrão atual de consumo não mudar, mais de oito milhões de pessoas vão morrer por ano até 2030 devido às doenças relacionadas com o uso do tabaco.
Já no Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por causa de doenças relacionadas ao tabagismo, segundo o Inca. Só de câncer de pulmão, morrem 24.443 pessoas por ano no País devido ao uso do tabaco. Fora os casos de óbitos por outros problemas de saúde associados ao tabagismo, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doenças cardíacas, pneumonia, acidente vascular cerebral (AVC) e outros tipos e câncer.
Quem não fuma, mas está exposto constantemente à fumaça de cigarro também corre o risco de desenvolver essas doenças?
DRA. FAUZIA NAIME – o fumante passivo também pode desenvolver câncer de pulmão em 25% dos casos, além de outras doenças, como bronquite crônica e enfisema pulmonar. É considerado fumante passivo quem não têm o hábito de fumar, mas convive com pessoa que fuma em ambientes fechados, seja em casa ou no trabalho, pois a exposição à fumaça é igualmente maléfica.
O cigarro causa dependência química e/ou psicológica? Por que tantas pessoas relatam que não conseguem parar?
DRA. FAUZIA NAIME – o cigarro causa dependência química e psicológica. Por isso, o tabagismo é considerado uma doença neurocomportamental. Embora tudo comece com o desejo de abandonar o fumo, é importante procurar auxílio médico, pois apenas 6% dos fumantes que não procuram essa assistência conseguem abandonar o vício. O processo de tratamento pode associar medicamento e técnicas de mudança comportamental.
Eexiste algum tipo de tratamento medicamentoso e/ou terapia que ajude a parar de fumar?
DRA. FAUZIA NAIME – existem alguns medicamentos que ajudam a parar de fumar, como os que se ligam aos receptores de nicotina no cérebro, reduzindo o desejo intenso de fumar e os sintomas da abstinência e os usados em terapia de reposição de nicotina – a exemplo dos adesivos e gomas de mascar com a substância. Mas, as chances de sucesso aumentam quando a pessoa está motivada e tem acompanhamento para a mudança comportamental.
Também existem alimentos que podem auxiliar a controlar o vício, como cenoura, gengibre, brócolis, alho, semente de abóbora, laranja, arroz integral e aveia. Eles contêm nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo, têm efeito antioxidante e ajudam a eliminar radicais livres que são provocados pelo tabaco.
Outra coisa muito importante é ingerir bastante água, pois isso é essencial pra eliminar as toxinas e ajuda a controlar a compulsão por doces que ocorre nessa fase. Além disso, como o fumante absorve 30% menos vitamina C, a reposição dessa vitamina pode ser feita consumindo muita laranja, acerola e abacaxi.
Existe uma quantidade de cigarros que seja seguro fumar?
DRA. FAUZIA NAIME – não existe uma quantidade segura de cigarros que se possa fumar por dia. Qualquer quantidade é prejudicial.
Quais os benefícios de parar de fumar?
DRA. FAUZIA NAIME – os benefícios de parar de fumar começam, normalmente, após cerca de meia hora depois de parar, com a normalização do número de batimentos cardíacos. Em três meses, aproximadamente, já diminui o risco de infarto e a função pulmonar também melhora. Em nove meses, a pessoa tem uma diminuição significativa da tosse e da falta de ar.
Depois de um ano, diminui mais da metade o risco de infarto. Em cinco anos sem fumar, o risco de derrame cerebral também diminui e, em 10 anos, o risco de desenvolver câncer de pulmão é metade do risco de alguém que nunca fumou. O mesmo vai ocorrer com outros tipos de câncer. E 15 anos depois de parar de fumar, o risco de doença coronariana volta ao mesmo nível de alguém que nunca fumou.
É importante ter consciência que o tabagismo é extremamente nocivo. A melhor forma de prevenir doenças graves e letais é evitar o consumo direto e indireto do tabaco. Os benefícios de parar de fumar em qualquer idade estão comprovados cientificamente!
ANVISA MANTÉM PROIBIÇÃO DA VENDA DE CIGARROS ELETRÔNICOS
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está mantgendo a proibição de importação, propaganda e venda de cigarros eletrônicos no Brasil. A restrição começou em 2009, mas a comercialização continua ocorrendo de forma ilegal no país.
A decisão foi tomada durante a 10ª reunião da diretoria colegiada do órgão. Por unanimidade, a diretoria seguiu voto proferido pela diretora Cristiane Rose Jourdan.
Segundo a diretora, estudos científicos demonstram que o uso dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) está relacionado com aumento do risco de jovens ao tabagismo, potencial de dependência e diversos danos à saúde pulmonar, cardiovascular e neurológica.
Os cigarros eletrônicos são aparelhos alimentados por bateria de lítio e um cartucho ou refil, que armazena o líquido. Esse aparelho tem um atomizador, que aquece e vaporiza a nicotina. O aparelho traz ainda um sensor, que é acionado no momento da tragada e ativa a bateria e a luz de led.
A temperatura de vaporização da resistência é de 350°C. Nos cigarros convencionais, essa temperatura chega a 850°C. Ao serem aquecidos, os DEFs liberam um vapor líquido parecido com o cigarro convencional.
Os cigarros eletrônicos estão na quarta geração, onde é encontrada concentração maior de substâncias tóxicas. Existem ainda os cigarros de tabaco aquecido. São dispositivos eletrônicos para aquecer um bastão ou uma cápsula de tabaco comprimido a uma temperatura de 330°C. Dessa forma, produzem um aerossol inalável.
(Conteúdo Hospital LeForte/EBC
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