BARBÁRIE: ALUNO MATA PROFESSORA E FERE MAIS QUATRO PESSOAS

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Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, professora que atuava por amor ao ensino, foi morta a facadas por um adolescente de 13 anos. Era aposentada do Instituto Adolfo Lutz e atuava na área de Ciências.

O Brasil foi sacudido ontem por uma notícia horrível: um aluno de 13 anos atacou a professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, e a matou a facadas. A assassinada era professora da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Capital, desde 2013, já aposentada pelo Instituto Adolfo Lutz, e, embora não precisasse trabalhar, o fazia por amor ao ensino.

O secretário da Educação do Estado afirmou que a professora era estimada pelos anos, que “se encantavam” com ela.

O governo do estado decretou três dias de luto oficial em homenagem a Elizabeth.

No ataque, o adolescente assassino feriu mais três professores e um estudante – e causou choque em outro, que teve de ser atendido. Apenas a professora Ana Célia da Rosa continua internada nas Clínicas em S. Paulo, tendo passado por uma cirurgia para sutura dos ferimentos.

Por determinação do secretário estadual de educação, a escola ficará fechada por uma semana e determinou ainda apoio psicológico a toda a comunidade daquela escola, para que o choque seja amenizado.

TRANCA NA PORTA – DEPOIS DO ARROMBAMENTO

O secretário estadual de Educação anunciou – após o ataque –  que a secretaria planeja contratar 150 mil horas de atendimento psicológico e psicopedagogo para as escolas estaduais. Segundo Feder, essa ação “já estava no cronograma” e o processo está em fase de cotação de preços para licitação.

A Secretaria informou ainda que desenvolve um programa de melhoria da convivência e proteção escolar chamado Conviva SP, que prevê que as escolas se transformem em um ambiente mais acolhedor, colaborativo e seguro. O programa foi criado após os ataques ocorridos a uma escola em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, e disponibiliza 300 profissionais dedicados a prestar atendimento psicológico nas escolas.

“Esses profissionais estão espalhados em todo o estado e atuam nas ocorrências nas escolas. São centenas de atendimentos [feitos por eles], de todos os tipos: brigas, agressões verbais, discriminação, tristeza, depressão. Temos essa rede de proteção chamado Conviva. Quando se faz o alerta, esses profissionais vão às escolas.”

Além desses 300 profissionais do Conviva, a secretaria conta ainda com 500 pessoas que foram treinadas no âmbito do programa para atuar em 500 escolas do estado. O número, no entanto, ainda é insuficiente para atender os 645 municípios do estado que, juntos, somam mais de 5 mil escolas da rede estadual.

A rede de atendimento será ampliada para 5 mil profissionais, dez vezes mais, segundo o secretário.

O Secretário da Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, afirmou que serão ampliados programas já existentes, como o de ronda escolar e programa de vizinhança solidária escolar, as disse que com 5 mil escolas, é um desafio gigantesco ter patrulhas nas escolas.

Derrite afirmou ainda o trabalho de prevenção já vem sendo realizado er conseguiu prevenir ataques recentes programados em Tupã, São José dos Campos e Caçapava. 

MENSAGENS NAS REDES SOCIAIS

Durante a entrevista, Derrite informou que o autor do ataque na escola da Vila Sônia tinha um perfil restrito no Twitter que já está sendo investigado. Pelo perfil, ele informava que faria o ataque. Segundo ele, todas as pessoas que curtiram ou responderam às postagens do menor poderão ser alvo da investigação. “Toda pessoa que curtiu ou comentou a publicação dele vai ser objeto de apuração pela Polícia Civil”, disse Derrite.

O autor do ataque também havia se envolvido em uma confusão na escola na semana passada. “A diretora da escola me informou que houve um conflito entre o agressor de hoje e um outro aluno. Hoje pela manhã, ela havia marcado de falar com esse aluno”, disse Feder. Segundo o secretário, o autor do ataque havia sido transferido recentemente de uma outra escola, onde já havia enfrentado problemas. Como o aluno é menor de idade, não foram fornecidas mais informações sobre o histórico dele.

REPERCUSSÃO

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) se pronunciou sobre a tragédia. Segundo o sindicato, o ataque foi resultado do “descaso e abandono do estado para com as unidades da rede estadual de ensino de São Paulo”, escreveu a Apeoesp.

A Apeoesp vem há anos realizando pesquisas sobre a questão da violência nas escolas e cobrando da Secretaria de Estado de Educação e demais órgãos do governo estadual providências para a redução da incidência dessas ocorrências. Faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar para a conscientização sobre o problema e a busca de soluções”, diz a nota.

Para a Apeoesp, é necessário que o governo reponha o quadro de funcionários e reative programas de mediação escolar.

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação também soltou nota lamentando profundamente a tragédia. A nota destaca que o momento é de repensar ações para conter a violência nas escolas.

“Toda vez que algo assim acontece, surgem nos meios de comunicação narrativas sobre a falta de segurança e violência nas escolas, mas não se coloca em discussão questões mais profundas e que precisam ser problematizadas se nosso objetivo é cessar com a onda de violência cada vez mais frequentes nos ambientes escolares”, diz a nota.

Para a campanha, a violência nas escolas é reflexo de problemas estruturais da sociedade brasileira e não podem ser reduzidos e limitados a uma solução de segurança pública.

“Os ataques que vem ocorrendo no Brasil e os contextos em que se inserem precisam, necessariamente, ser objeto de nossa reflexão e ação, passando obrigatoriamente pelo debate sobre o fim da militarização das escolas, do desarmamento da sociedade, da ausência do Estado na promoção de uma cultura de paz, de políticas públicas da saúde mental para sua população e, fundamentalmente, é preciso uma resposta firme contra ações e discursos fascistas.”

(Antonio Melo, com conteúdo e foto da Ag.Brasil)