LOBO GUARÁ E TAMANDUÁ-BANDEIRA VOLTARÃO À VIDA LIVRE

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Resgatados, lobo-guará Canelinha e tamanduá-bandeira Aurora em breve voltarão à vida livre; lobo foi salvo de um incêndio na zona rural de Mococa e tamanduá-bandeira teve mãe atropelada em uma rodovia no MS

 Em 2021, com cerca de três meses, o lobo-guará Canelinha foi salvo de um incêndio nas proximidades de Mococa, interior de São Paulo, por um morador da zona rural. E desde dezembro desse ano, vive no Mantenedor de Porto Feliz, do Instituto Libio, onde recebe cuidados de biólogos e veterinários da organização e do Instituto Pró-Carnívoros.

No mesmo ano, a mãe da tamanduá-bandeira Aurora foi atropelada em uma rodovia próxima a Bonito, em Mato Grosso do Sul. Encontrada sozinha, a filhote foi levada à Base Pantanal, do Instituto Tamanduá, onde passou por longa reabilitação até abril de 2022, quando foi transferida para a Reserva Particular do Patrimônio Natural  (RPPN) Santuário, do Instituto Libio.

Já praticamente recuperados e com boa saúde, ambos estão quase aptos à soltura em seus habitats de origem, o que deve acontecer na segunda quinzena de abril.

A médica, conservacionista e ambientalista Raquel Machado, fundadora do Instituto Libio, explica que o processo de recuperação é lento, gradual e envolve uma grande equipe de profissionais.

“Muitos cuidados são necessários para o retorno dos animais a seu ambiente natural. Por isso, em conjunto com outras entidades, pensamos cuidadosamente na criação dos recintos para acolhê-los, assim como em diversas outras estratégias, como alimentação e tratamento para o sucesso das reabilitações e das solturas”.

CANELINHA

Rogério Cunha de Paula, biólogo e analista ambiental do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), conta que, um mês depois do resgate de Canelinha, uma equipe do Projeto Lobos do Pardo (desenvolvido pelo Instituto Pró-Carnívoros em parceira com o CENAP – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do ICMBio), foi informada sobre seu paradeiro e se deslocou até o local para avaliar sua situação. 

O filhote passou por exames clínicos e, como as condições sanitárias da casa que o acolhia não eram adequadas, foi levado para uma fazenda, onde recebeu os primeiros cuidados e teve início sua recuperação.

“Em dezembro do mesmo ano, o Instituto Libio aceitou o desafio de receber o Canelinha e todas as instituições competentes foram acionadas para que ele fosse destinado a um cativeiro temporário enquanto os trâmites oficiais fossem concluídos”, recorda o biólogo. 

Desde então, o projeto de reabilitação vem sendo executado pelo instituto dirigido por Raquel, com coexecução do Instituto Pró-Carnívoros e supervisão técnica do ICMBio/CENAP. 

“Canelinha vem sendo treinado para ser liberado por meio de uma soltura abrupta (quando não é realizada na área do treinamento) no local de onde foi removido, e será monitorado pela equipe do Projeto Lobos do Pardo. Caso seja identificada qualquer dificuldade de adaptação e sobrevivência, ele será recapturado, reconduzido ao recinto de treinamento e avaliado”, explica Rogério. 

Antes da soltura, o lobinho receberá coleira com GPS e transmissor de satélite para que sua reintrodução seja monitorada diariamente.

AURORA 

Há um ano, a tamanduá-bandeira órfã vive na RPPN Reserva Santuário, do Instituto Libio, em Mato Grosso do Sul, parceiro do Instituto Tamanduá no Projeto Órfãos do Fogo, que também tem o apoio do Fundo Internacional Para o Bem-Estar Animal e recebe doações. 

Segundo a veterinária Flávia Miranda, presidente do Instituto Tamanduá e professora da Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia (indicada ao Prêmio Indianápolis, um dos mais importantes para a conservação animal no mundo), Aurora passa pela última etapa de reabilitação para posterior soltura, prevista para a segunda quinzena de abril como Canelinha, próxima ao local onde foi encontrada.  

 “Ela já recebeu um colete com radiotransmissor, para que tenha seus passos rumo à liberdade em meio à natureza devidamente monitorados”, conta Flávia.

O GPS enviará pontos de localização de Aurora a cada seis horas, além de dados de sua atividade, como, por exemplo, se está em repouso ou caminhando. O monitoramento se estenderá por um ano.

(Mônica Nunes – 12 de abril de 2023 – conexão planeta – Fotos (destaque): Gustavo Figuêiroa (Canelinha) e Maria Helena Baldini (Aurora)

 

Canelinha e Aurora: de volta à natureza, em breve.