ARTIGO
A DINÂMICA DO ESPELHO
Passamos dois anos sofrendo com a pandemia do coronavírus. No retorno ao presencial, principalmente na escola, os reflexos têm sido ainda mais claros: vejo estudantes e professores enfrentando uma série de questões socioemocionais, crises de ansiedade e tristeza. E isso me incomoda bastante, pois acredito que não se pode recuperar a aprendizagem sem pensar (e garantir) o bem-estar dessas crianças e adolescentes.
Por isso, pensei em uma estratégia simples para promover o acolhimento para a turma e despertar a atenção dos meus alunos. Sou professor de matemática do 6º ao 9º ano na EMEF Fernando Augusto Nogueira, no município de Horizonte, região metropolitana do Ceará (localizada a 25 quilômetros da minha residência, em Barreira). E a proposta, que chamei de “Despertando sonhos”, fugiu da área de exatas, aproximando-se das áreas de humanas, por reforçar a empatia, o afeto e o cuidado, reforçando a autoestima dos alunos por meio de dinâmicas que visem a recuperação da aprendizagem.
Levei para a sala de aula um espelho dentro de uma caixa. Montei uma pequena estrutura com caixas de som. Sem que os alunos soubessem o que havia dentro dela, chamava um por um para vir até a minha mesa, citando qualidades e dizendo que, dentro daquela caixa, havia um aluno que eu admirava. Quando abriam a caixa e se viam no espelho, notavam que eu estava falando de cada um deles. Foi uma emoção só, como é possível assistir nos vídeos repostados no Instagram do Porvir (Porvir no Instagram: “O professor João Paulo Fernandes (@jpfernandesoficial) notou que, após dois anos de distanciamento, muitos estudantes voltaram às aulas…”)
Muitas vezes nós, professores, somos exemplos para esses alunos, e eles precisam ouvir que acreditamos e temos orgulho deles. Precisam saber que existe um professor que acredita nesse potencial. Por isso, também faço questão de levar ex-alunos meus que se formaram e alcançaram seus objetivos para conversar com a turma. Alguns desses vídeos chegaram às redes sociais e, em poucos dias, tivemos repercussão nas mídias de todo o estado do Ceará.
Mas o saldo final foi o carinho e o incentivo que ganhamos para lutar por uma escola mais humana. Todos me abraçaram ao final, imediatamente. Isso foi muito forte! Essas ações são momentos de refúgio para todos nós. Uma atividade lúdica como essa, oferecida antes do início das aulas teóricas, serve para perceber o quanto nossos estudantes são carentes de afeto e, por esse motivo, muitas vezes alguns deles demonstram rebeldia ou outro tipo de situação devido a algum problema que trazem consigo de casa para a escola.
Minha intenção era acordar todas as pessoas, principalmente os gestores das escolas públicas e privadas, para o apoio psicológico e moral que deve ser oferecido a estudantes e professores. A família também precisa apoiar seus filhos para que tenhamos uma escola melhor, mais justa e igualitária para todos. E, como resultado da prática, fechamos parceria com o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) do município de Horizonte para contar com o apoio de psicólogos na escola.
Autor: João Paulo Fernandes, Licenciado em matemática e pedagogia, com especialidade em química, biologia e gestão escolar, atualmente é professor da rede pública de ensino do Ceará. (Fonte: porvir.org.br)
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