ABRIGADOS CONTRA INCÊNDIOS, ANIMAIS SILVESTRES GANHAM ALIMENTAÇÃO E ÁGUA

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Estação Ecológica Jataí, em Luiz Antonio, interior do estado, fornece alimentação aos animais acuados contra os incêndios da região, colocando água e comida em pontos estratégicos da Unidade de Conservação

A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), por meio da Fundação Florestal, realiza uma operação especial na Estação Ecológica Jataí, no município de Luiz Antônio, na região de Ribeirão Preto. 

Com o incêndio que atingiu a unidade de conservação, muitos animais acabaram perdendo seus locais tradicionais de alimentação. Por isso, as equipes se mobilizaram para encontrar uma forma de oferecer hidratação e alimentos para a fauna silvestre.
 

O processo envolveu criatividade, estudo e engenharia para montar os equipamentos. Houve a instalação de oito caixas-d’água em pontos diferentes da Unidade de Conservação. Elas são abastecidas por um caminhão-pipa, e a torneira goteja em uma lona, formando uma bacia que possa atrair os animais para hidratação.
 

“Os pontos que escolhemos para instalar esses equipamentos são aqueles que os animais costumam passar com mais frequência. Sem os recursos naturais, eles não têm como sobreviver, por isso essa ajuda é fundamental. Nesses locais de hidratação nós também colocamos equipamentos fotográficos, que vão nos ajudar no monitoramento dos animais sobreviventes“, explica Andréa Pires, coordenadora da Fundação Florestal.
 

Em outros pontos da Estação Ecológica, as equipes espalham diversos tipos de frutas para os animais. São oito pontos fixos de alimentação. “Tudo é feito com base na experiência com a fauna da estação. Nós sabemos que alguns alimentos são mais bem aceitos, então os cortamos de forma estratégica para atraí-los”, destaca Matheus Gonçalves, pesquisador e biólogo colaborador da Fundação Florestal.

A Estação Ecológica do Jataí abriga mais de 1.700 espécies de fauna e flora, sendo quase 800 de fauna. Entre elas estão animais ameaçados de extinção, como: Jaguatirica, Onça-parda, Lobo Guará e Tamanduá-bandeira.

Para combater as chamas no Jataí, o Governo de SP chegou a utilizar 7 aeronaves, mais de 50 veículos e mais de 150 pessoas diariamente. Atualmente a Unidade de Conservação está sem focos de incêndio.

Thiago Miranda, gestor da Estação Ecológica do Jataí, explica que com a perda da vegetação pelas queimadas, os recursos naturais foram muito reduzidos. “Nossa oferta de alimentos e água de forma temporária, até o período das chuvas, possibilita que os animais se mantenham na área, em vez de buscar recursos em outros locais, já que muitas vezes pode ser arriscado para a sobrevivência pois precisam cruzar rodovias” diz. “Muitos dos alimentos utilizados, apesar de não serem nativos, servem para atrair seus predadores. Um exemplo é o Tamanduá-bandeira que foi atraído pelas formigas por causa das frutas”, completa.

Rede de atendimento para animais silvestres 

O cuidado com os animais silvestres vai além do Jataí. 

O Governo de São Paulo montou uma rede de atendimento e reabilitação para receber animais vitimados pelos incêndios florestais. São 26 unidades integradas, que estiveram em alerta para atender animais resgatados das queimadas e outros que, ao tentar fugir do fogo, acabaram muitas vezes sendo atropelados nas rodovias.

Além das unidades próprias da Semil, fazem parte da rede outros Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) municipais e do terceiro setor. Eles recebem autorização do Estado para receber, identificar, acolher, cuidar e reabilitar animais silvestres provenientes de ações de fiscalização, resgate, como casos de incêndios, e entregas espontâneas realizadas pela população, com objetivo principal de devolver esses animais recuperados ao ambiente natural. Isso garante o melhor atendimento aos bichinhos. Até o momento foram recebidos 102 animais, sendo que 55 morreram, 45 permanecem em tratamento e dois já foram soltos.