ADEUS A UM GÊNIO DA LUZ: SEBASTIÃO SALGADO MORRE AOS 81 ANOS

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O mundo perde hoje um dos maiores olhos da humanidade. O Instituto Terra, ONG que ele mesmo fundou, confirmou com pesar a morte de Sebastião Salgado, aos 81 anos, em decorrência de uma leucemia grave.

Sebastião Ribeiro Salgado Júnior, nascido em Aimorés (MG), em 1944, transformou sua paixão pela fotografia em um poderoso instrumento de denúncia, beleza e reflexão. Dono de uma lente sensível e ao mesmo tempo implacável, ele eternizou a alma humana e as entranhas do planeta, sempre em preto e branco, com imagens que calaram fundo em gerações inteiras.

Mais do que um fotógrafo, foi um contador de histórias com a luz. Capturou momentos históricos, expôs as maiores belezas naturais e também os horrores provocados pela ação humana. Sua obra é um grito silencioso pela preservação da vida.

Em 2024, anunciou sua aposentadoria do trabalho de campo, confessando que seu corpo já não suportava os rigores de décadas viajando por ambientes hostis e extremos. Mas nunca se aposentou da missão de transformar o mundo.

O Instituto Terra, seu legado mais verde e resiliente, expressou em nota:
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”

De sua trajetória, permanecem ícones inesquecíveis como o registro pungente da Serra Pelada nos anos 1980, que resultou em “Trabalhadores”, e o impactante ensaio “Êxodos”, onde narrou com imagens a saga de povos migrantes pelos cinco continentes. “Eu nunca vi nada parecido. Vi passar diante de mim, em frações de segundo, a história do humano, da humanidade, a Torre de Babel”, confidenciou sobre sua experiência em Serra Pelada — série que o consagrou mundialmente.

Ao longo da vida, Sebastião Salgado foi honrado com a comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil, acolhido na Academia de Belas Artes da França, nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e tornou-se membro honorário da Academy of Arts and Sciences, nos Estados Unidos.

Hoje, o mundo silencia diante da ausência desse mestre, mas sua obra continuará a falar, a gritar, a emocionar. Sebastião Salgado não se foi: ele permanece em cada fotografia que nos convida a enxergar, sentir e, sobretudo, mudar.

Obrigado, Sebastião. Sua luz será eterna.

(Da redação. Fotos: Divulgação)