AUMENTO NOS COMBUSTÍVEIS AFETA O BOLSO DO CONSUMIDOR NOS PRODUTOS DO DIA-A-DIA

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Produtos de primeira necessidade, como gêneros alimentícios (arroz, feijão e carne) devem subir; outros produtos, como vestuário  e construção são diretamente afetados pela alta dos combustíveis.

Reportagem da BBC News Brasil relata que o último aumento dos combustíveis (5,18% no litro da gasolina e de 14,26% no valor do diesel não impacta apenas donos de veículos. Afinal, os setores todos da economia deverão repassar a alta dos combustíveis a seus produtos.

 Preços em áreas cruciais para o dia a dia do brasileiro como transporte, alimentação, vestuário e construção civil devem ter elevação, agravando a pressão inflacionária dos últimos meses.

O preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.

Para Simão Silber, professor de economia na USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), avalia que “hoje, não só no Brasil, houve um retorno para um fenômeno que ocorreu nos anos 1970 que ficou conhecido como ‘estagflação’: uma inflação mais alta e um nível de produção mais baixo com o aumento de custos”.

A Petrobras importa petróleo e derivados e repassa reajustes por conta da política de Preço de Paridade de Importação, adotada em 2016. O aumento dos combustíveis tem impacto limitado no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medida usada para acompanhar tendências de inflação para o consumidor, mas tem significativa influência sobre o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que registra variações em produtos agropecuários e industriais antes de atingir a ponta final.

O efeito mais direto ocorre nos preços dos fretes rodoviários, passagens de ônibus urbanos e interestaduais, de avião e da viagem em aplicativos de transporte — além do valor gasto pelos motoristas de carros de passeio para encher os tanques.

Mesmo que os valores de passagens de ônibus, por exemplo, não tiverem aumento por regulação municipal, o impacto vem, porque há prefeituras que subsidiam o transporte urbano – e terá que colocar mais dinheiro no setor, tirando de outras áreas.

De acordo com Simão Silber, especialista ouvido pela BBC News Brasil, os setores mais afetados serão:

ALIMENTAÇÃO

Com o encarecimento da distribuição, o custo agregado do produto sobe – e vai chegar alto na mesa do consumidor.

Outra influência indireta em produtos de primeira necessidade como arroz, feijão e carne se deve ao fato de que muitos fertilizantes e defensivos agrícolas são derivados do petróleo. A produção agrícola deverá ser ajustada a essas novas condições, já que o insumo ficou mais caro, o agricultor vai economizar no uso do fertilizante e a produção cairá, prejudicando grande parte da população.

Silber também aponta que custos com armazenamento, quando algum produto necessita tratamento especial para calor ou iluminação, também sofrem impacto. E mais, matérias primas para itens específicos também serão impactadas, como o náilon, feito de petróleo e que não tem produção no Brasil.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Material de construção como tijolos e areia dependem muito dos transportes e podem ser influenciados pela subida nos custos de deslocamento, diz Silber.

Ele também lembra que esse setor já vem sendo pressionado pelo aumento dos juros pelo Banco Central, medida utilizada para conter tendências inflacionárias.

               Divulgação – 21.out/21/Sindtanque-MGMAIS