Antonio Melo, para o cotiatododia.com.br
Nos últimos dias, em Cotia, a Secretária de Desenvolvimento Social e Presidente do Fundo Social de Cotia, Mara Franco, tem dado grandes passos em benefício do autista, fazendo valer a legislação, promovendo palestras, capacitações e grupos especiais, como já noticiamos.
De acordo com a imprensa, nos últimos 5 anos houve grande aumento de matrículas de crianças e adolescentes diagnosticados no transtorno do espectro autista (TEA) em escolas regulares no Brasil, mas ainda há muito o que fazer.
Existe a necessidade de melhorar a formação dos professores, a flexibilização dos materiais e recursos humanos especializados para auxílio na sala de aula.
Um dos grandes problemas é a negativa ou limitação de matrículas, o que ainda ocorre na rede privada – e isso é totalmente ilegal. O site terra.com.br afirma que “segundo o último censo escolar, 294.394 alunos com autismo cursaram os ensinos infantil, fundamental ou médio das redes pública e privada em 2021. A alta é de 280% se comparada a 2017, quando havia 77.102. Números que chamam a atenção, mas, segundo educadores e terapeutas, representam apenas uma parcela do universo que deveria frequentar a sala de aula – No Brasil, seriam mais de 2 milhões de pessoas, segundo estimativas.”
INDIVIDUALIDADE
Cada criança com deficiência tem uma característica própria, especial, dele apenas. O especialista em diversidade Rodrigo Hubner Mendes afirma que “a gente tende a padronizar alunos com deficiência, mas as características comuns não os tornam iguais. Inclusão envolve diversificar estratégias e não repetir modelos”.
E o atendimento educacional especializado é um direito dos alunos com deficiência, afirma a psicóloca Salete Regiane Monteiro Afonso, que trabalha na área há mais de 20 anos, em depoimento ao portal terra.com.br:
“O atendimento educacional especializado é um direito dos alunos com deficiência. E é um serviço que deve perpassar todas as modalidades de ensino, do infantil ao superior e profissionalizante e atuar de forma colaborativa.” Salete explica que esse professor especializado é quem deve fazer a ponte com os demais professores da escola, auxiliando na adaptação dos materiais, na forma de apresentar o conteúdo aos estudantes autistas e, quando recomendado, dando aula a eles no contraturno, nas chamadas salas de recursos.”
CONVIVÊNCIA É FUNDAMENTAL
Em Cotia, a Secretária Mara Franco, de forma benéfica aos autistas, vai na contramão do governo federal, o qual expediu um decreto, em 2020, pelo qual criava centros especializados para crianças com deficiência, isolando-as do convívio com outras crianças. Numa aberrante declaração, provinda da mais alta autoridade da república, o presidente afirmou que
“se você tem um aluno muito bom, você pode colocar na sala com os melhores. Você tem um garoto muito atrasado, você faz a mesma coisa. O pessoal acha que juntando tudo vai dar certo. Não vai dar certo. A tendência é todo mundo ir na esteira daquele com menor inteligência. Nivela por baixo. É esse o espírito que existe no Brasil”.
Felizmente, o STF suspendeu a vigência do decreto, que daria motivações às escolas privadas, que relutam em aceitar crianças com autismo e outras deficiências.
Mas antes disso, o ex-ministro Milton Ribeiro disse em entrevista que “inclusão de alunos com necessidades especiais “atrapalham” o aprendizado de outras crianças sem a mesma condição. Milton Ribeiro falou sobre o “inclusivismo”, o qual definiu como quando uma criança com deficiência é incluída em uma sala de aula com educação regular, com alunos sem deficiência. Para ele, nessa situação, a criança “não aprendia” e “atrapalhava, entre aspas”, uma vez que “a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento…” (fonte: Poder 360)
O contrário que é verdadeiro. Ainda citando o Portal terra.com.br, este ouviu a professora Ivana Tavares, responsável pelo espaço de inclusão numa Escola Municipal paulistana e ela explicou que “a sala de recursos oferece uma maior variedade de equipamentos que podem ajudar na aprendizagem, como brinquedos educativos e materiais de diferentes texturas e cores.
“Devemos ter um olhar para as especificidades. Não existe um algoritmo que sirva a todos, sabe? A inclusão passa por respeitar o tempo de cada um. Aqui trabalhamos a adaptação e flexibilização do conteúdo. Às vezes, uma pequena mudança na forma de apresentar a atividade já traz resultado”, diz.
E mais:
“A convivência com os pares é essencial para o desenvolvimento dos alunos com deficiência. A questão do espelhamento é muito importante nesse processo. Percebemos os avanços no dia a dia”, diz Ivana, que afirma “tirar” os estudantes da sala regular, para passar um tempo fora da classe, só mesmo quando necessário.
De acordo com o grau de suporte (hoje é essa a nomenclatura para definir os níveis de cada um), autistas podem ter dificuldade em permanecer sentados ou mesmo dentro da sala e “escapes” são essenciais para que se organizem.
Outra medida prática considerada essencial é integrar a escola à equipe de terapia do aluno, quando ele dispõe de acompanhamento multidisciplinar – geralmente psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e, de acordo com as necessidades, também um fisioterapeuta.”
(Continua)
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