COMISSÃO DE SEGURANÇA ESCOLAR REUNIU-SE ONTEM NA CÂMARA

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Legenda da foto:
Primeira fileira: Psicóloga Priscila Dunstan, vereador Sérgio Folha, José Lemos, Presidente do SINTRASP e pastor Rogério Coelho.
fileira de trás: Vereador Professor Osmar, vereador Iran Soares e Pastor Efigenio

Segunda reunião da Comissão de Fato Relevante, que analisa o problema de segurança escolar do município, foi realizada ontem, com presença do presidente do CMDCA e de representante de escola particular

Reuniu-se ontem, 24 de abril, no Plenário da Câmara Municipal, a Comissão criada pelo Decreto Legislativo 02/2023, para análise, estudos e formulação de propostas para proteção dos escolares do município.

Presidida pelo vereador Sergio Folha e com a presença do Presidente da Câmara, Marcinho Prates e dos vereadores Iran Soares e Professor Osmar e imprensa local, a sessão foi bastante produtiva e, segundo análise do presidente Sergio Folha e dos participantes, “foi uma aula” sobre o problema dos menores e adolescentes do município.

A primeira a ser ouvida foi a representante do Colégio Espaço Potencial – Objetivo Cotia, a psicóloga Priscila Dunstan. Prática e objetiva, Priscila, que tem mais de 30 anos de experiência da área, informou que um dos motivadores da mudança de comportamento dos jovens foi a pandemia de Covid-19, vez que, isolados em casa, houve aumento da intolerância, com uma escalada de violência tanto pelo isolamento a que foram submetidos como pelo pânico demonstrado pelos pais.
A psicóloga afirmou ainda que o estabelecimento escolar tem levado em conta todos esses fatores e busca trabalhar com o emocional de alunos e professores, já que estes também foram afetados pela pandemia e suas consequências.

No final de seu depoimento, Priscila afirmou que há necessidade de uma grande campanha de conscientização em massa, envolvendo alunos, professores e pais de alunos, não somente nas escolas privadas, mas também nas escolas públicas, orientando e conscientizando a população da necessidade de mais interação dos pais com os seus filhos e definindo o papel de cada um na relação escola/aluno, já que, hoje, a escola não é apenas pedagoga, mas transformou-se também em educadora, assumindo o papel que é dos pais, não da escola.

Para a educadora, no caso em que foi vítima fatal uma professora da Escola Thomazia Montoro, na Vila Sonia, faltou interação na informação sobre os alunos, vez que o menor infrator havia apresentado problemas na escola anterior, em Taboão da Serra, e foi admitido na E.E. Thomazia Montoro sem que se informasse que já tinha tido problemas.

Em seguida, foi ouvido o Presidente do CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente) de Cotia, Adriano Pires de Oliveira, que fez breve exposição do papel do Conselho na sociedade e junto às crianças e adolescentes.

Adriano esclareceu que o CMDCA, quando necessário, pode optar pela prestação de serviços ou pela liberdade assistida do menor infrator e o CMDCA sempre opta por esses tipos de sanção. Mas, relatou, empresas dificilmente aceitam menores infratores em seus ambientes de trabalho e a solução é enviá-los para órgãos públicos – que, por sua vez, têm atividades inadequadas para menores. Adriano sugeriu a terceirização para Organização Social capacitada para atendimento de menores, para que supervisione tanto a liberdade assistida quanto a prestação de serviços, já que o CMDCA não tem instrumentos hábeis para cumprimento da lei, apesar de todos os esforços que seus integrantes fazem para isso e do apoio do governo.

E, afirmou ainda, o menor tem que ter ocupação, como esportes, jogos recreativos e acompanhamento constante dos pais. Para esse preenchimento de tempo ocioso, o CMDCA está promovendo o Serviço de Atendimento e Fortalecimento de Vínculos, para orientar as famílias e seus filhos menores e conscientizá-los da necessidade de interação sadia e constante.
Adriano sugeriu ainda a integração das escolas públicas e particulares, no tocante a fornecimento de espaços para conscientização das famílias de seu papel educador, sempre focando na necessidade de se educar a família para educar o adolescente.

Estavam presentes os pastores Efigênio Pereira, da Missão Unidos Pela Vida e Rogério Coelho, da Igreja Evangélica Ligados em Cristo, localizado no Bairro Monte Santo.
Ambos os pastores foram ouvidos pela comissão, tendo afirmado que as igrejas também foram afetadas pela pandemia, transformando-se num receptáculo de informações e orientações dos pais para os cuidados com os filhos, caminhando sempre para o diálogo constante e observância de princípios cristãos.

Salientaram que o impacto da Internet nos jovens pode ser muito prejudicial, até porque os filhos superam os pais em tecnologia – e os pais não foram, por sua vez, orientados para essa verdadeira transformação tecnológica que o mundo vem atravessando.

Assim, concordam que os jovens devem ser orientados sobre como usar os recursos que têm à mão, através de interação família/escola/religião, mas esta não deve marginalizada, excluída ou individualizada, uma vez que há milhares de religiões pelo mundo, o que as torna uma só.
Ao finalizar os trabalhos, o presidente da Comissão, Sergio Folha, afirmou que os depoimentos colhidos na sessão de ontem foram muito esclarecedores, norteando as ações da comissão.
Folha afirmou, ainda, que todos os que foram ouvidos têm o mesmo propósito, ou seja, educação com responsabilidade das crianças e adolescentes, mas há que se achar um ponto comum, que permita que haja efetiva integração entre todos os atores do processo para colocação em prática dos conceitos expostos.

A Comissão deverá reunir-se novamente dentro dos próximos dias.

REPERCUSSÕES
O Cotiatododia esteve presente nas duas sessões até agora realizadas e considera o trabalho desenvolvido pela Comissão pioneiro na área, vez que está abrindo espaço a todas as correntes, religiões e formações psicopedagógicas.

Pela primeira vez, estão sendo colhidos pontos de vistas importantes, apontando soluções e dando sugestões. Nas palavras do vereador Folha, é preciso achar um denominador comum e transformar as sugestões e opiniões em algo concreto, que transforme efetivamente a realidade existente.
Ouvimos também, após a sessão, a psicóloga Priscila Dunstan: “Sem dúvida, o trabalho aqui é de interesse para toda a comunidade. A partir das conclusões dos trabalhos da Comissão, poderão ser tomadas medidas para se encontrar a melhor solução. Mas este já é um passo importante”.
Para o presidente do CMDCA, Adriano Pires de Oliveira, “o trabalho da comissão é interessante, porque poderá tirar do papel as medidas de prevenção e melhorar as de contenção, formulando políticas públicas viáveis para a finalidade. A Comissão é um começo, mas é preciso que lá na frente se unam todos os envolvidos, CMDCA, Conselhos Tutelares, Saúde, Educação etc., para que o planejado seja executado”,

O pastor Efigênio Pereira, “esse trabalho (da comissão) é importante, porque pode indicar medidas preventivas. Precisamos chegar a um agente catalizador, para continuar os trabalhos na direção que a comissão indicar”.

Para o pastor Rogério Coelho, “Os trabalhos da comissão são extremamente úteis e podem ser o catalizador para tratar da causa dos menores em Cotia. Infelizmente, hoje estamos combatendo os efeitos, quando deveríamos estar aplicando os trabalhos de prevenção. Mas sempre é tempo, apesar do atraso causado pela pandemia”.