COSTA RICA FECHA DOIS ÚLTIMOS ZOOLÓGICOS PÚBLICOS DO PAÍS

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 “Este é um ato histórico. A Costa Rica se torna o primeiro país do mundo sem zoológicos estatais”, celebrou o diretor da Associação para o Bem-Estar e Proteção dos Animais

 Há poucos dias 287 animais que ainda viviam nos zoológicos Simón Bolívar e del Centro de Conservación Santa Ana, nas cidades de San José e Santa Ana, na Costa Rica, foram transferidos para centros de resgate de vida silvestre, onde será decidido qual o melhor destino para cada um deles. 

A retirada deles ocorre após o fechamento desses que eram os dois últimos zoológicos públicos do país.

Em 2013 o governo da Costa Rica aprovou uma lei que proibia a manutenção de animais em cativeiro em espaços públicos. 

Todavia, a Fundazoo, que durante 30 anos teve um contrato para a gestão dos zoológicos Simón Bolívar e Santa Ana, entrou com uma ação na justiça e conseguiu postergar a entrada em vigor da legislação em uma década.

Finalmente, recentemente, o governo conseguiu impor sua vontade e fechar de vez os dois espaços.

“Os zoológicos da Costa Rica devem evoluir para se tornarem santuários, onde apenas os animais selvagens que não podem retornar ao seus habitats serão mantidos em cativeiro devido a problemas físicos ou comportamentais que os impeçam de viver em liberdade”, afirmou Franz Tattenbach, ministro de Meio Ambiente e Energia.

Mais de 100 profissionais, entre biólogos, médicos veterinários e especialistas em manejo de vida silvestre participarão da avaliação dos quase 300 animais, entre uma onça-pintada, uma jaguatirica, jacarés, crocodilos, macacos-aranha e preguiças. Muitos nem sabem o que é viver na natureza, ou seja, dificilmente teriam a chance de sobreviver caso fossem introduzidos na vida selvagem.

“Este é um ato histórico. A Costa Rica se torna o primeiro país do mundo sem zoológicos estatais”, celebrou Juan Carlos Peralta, diretor da Associação para o Bem-Estar e Proteção dos Animais.

Em 2022, a Suprema Corte de Justiça da Costa Rica reconheceu que animais são seres sencientes, com sentimentos, e com direitos perante a lei. O processo foi analisado a partir do caso do leão Kivú. Nascido em Cuba, o animal foi levado com dez meses de idade para o Zoológico Simon Bolívar. Viveu lá, em cativeiro, por 18 anos.

Todavia, em 2016, graças à pressão popular – denúncias nas redes sociais e protestos de organizações de proteção -, Kivú foi transferido para um espaço maior do que era mantido até então. Durante quase 20 anos ele ficou num recinto velho e pequeno, com somente 70 metros, e sua saúde foi deteriorando a olhos vistos.

Mas quando ele morreu, em 2017, o zoológico decidiu entrar com uma ação contra o Estado por perdas econômicas tidas com a construção do espaço maior para acomodar Kivú. Era pedida uma reparação de cerca de R$ 1 milhão. Entretanto, a Sala Primera de la Corte Suprema de Justicia de Costa Rica afirmou que a alegação era “inaceitável”.

Na época, a justiça ressaltou ainda a função e o papel dos zoológicos nos dias atuais: “O processo de educação, conscientização, informação e reinvenção pelo qual a humanidade passou em relação à devida proteção e proteção da natureza e, em particular, dos animais, nos leva a deduzir como consequência lógica que as pessoas deixarão de frequentar locais que tenham animais, em cativeiro, com condições como as apresentadas pela jaula de Kivú. Embora este tipo de confinamento há algumas décadas mal começasse a ser questionado, hoje é absolutamente inaceitável”.

Vale ressaltar, entretanto, que os zoológicos particulares podem continuar a funcionar na Costa Rica. Atualmente há 18 deles em operação.

(Da redação, com conteúdo de conexaoplaneta.com.br – Suzana Camargo – 22/5/24 – *Com informações do Ministério do Meio Ambiente e Energia da Costa RicaFoto: Nicolás, por Pixabay)