ESTADOS UNIDOS QUEREM A INCLUSÃO DE GIRAFAS COMO ESPÉCIE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

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 Autoridades esperam que a medida ajude a combater a caça de girafas, restringindo a importação de partes de seus corpos e produtos, como tapetes, joias e sapatos feitos com elas, que têm contribuído para o declínio da espécie

Nas savanas africanas, as girafas enfrentam um declínio alarmante em suas populações. A gravidade da situação levou o governo dos Estados Unidos a propor a inclusão delas em sua lista oficial de espécies ameaçadas para garantir a proteção legal desses animais.

O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA anunciou no dia 20 deste mês proposta para proteger as girafas sob a Lei de Espécies Ameaçadas, a primeira vez que o animal receberia proteção legal nos EUA.

As autoridades americanas esperam que a medida ajude a combater a caça de girafas, restringindo a importação de partes de seus corpos e produtos, como tapetes, joias e sapatos feitos com elas, que têm contribuído para o declínio da espécie.

“As proteções federais para as girafas ajudarão a proteger uma espécie vulnerável, promover a biodiversidade, apoiar a saúde dos ecossistemas, combater o tráfico de animais selvagens e fomentar práticas econômicas sustentáveis”, disse a diretora do Serviço de Pesca e Vida Selvagem, Martha Williams, em comunicado.

Tanya Sanerib, diretora jurídica internacional do Centro para a Diversidade Biológica, elogiou a decisão, afirmando que ela “praticamente fecha toda a gama comercial de produtos que entram nos Estados Unidos”.

“Se você quiser um travesseiro de pele de girafa, um cabo de faca feito de osso de girafa, ou qualquer outra coisa que use partes de girafa, esse mercado comercial será significativamente reduzido”, disse ela. “Isso é realmente benéfico para as girafas, pois significa menos demanda vinda do mercado dos EUA, que é um dos maiores do mundo para a vida selvagem.”

AMEAÇA DE EXTINÇÃO: 52 MIL ANIMAIS MORTOS DESDE 1985

O número de girafas caiu de mais de 150 mil indivíduos em 1985 para cerca de 98 mil em 2015, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), uma rede que monitora o status de plantas e animais. 

As perdas são resultado da perda de habitat devido à urbanização rápida, secas intensificadas pelas mudanças climáticas e caça, tanto para carne local quanto para o comércio internacional, segundo autoridades americanas. Desde 2018, a IUCN reconheceu várias subespécies de girafas como criticamente ameaçadas.

Agora, autoridades dos EUA propõem declarar como ameaçadas três subespécies de girafas do norte: as girafas da África Ocidental, de Kordofan e da Núbia, cuja população caiu 77% desde 1985, de cerca de 26 mil para apenas 6 mil. Essas girafas vivem principalmente em Camarões, Chade, Níger e Uganda.

Além disso, a agência propõe designar duas subespécies da África Oriental — as girafas reticuladas e Masai — como ameaçadas, um passo antes de serem consideradas à beira da extinção.

Os Estados Unidos já foram um grande mercado para partes e produtos de girafas, importando quase 40 mil itens ao longo de uma década, de acordo com grupos ambientais.

Além das restrições comerciais, a proposta federal também abriria novas fontes de financiamento para países africanos investirem na conservação das girafas. A agência aceitará comentários sobre a proposta até 19 de fevereiro e espera finalizá-la em um ano.

A decisão levou anos para ser tomada. O Centro para a Diversidade Biológica, o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e outros grupos ambientais pediram em 2017 que a agência protegesse as girafas. Após o Serviço de Pesca e Vida Selvagem não agir sobre o pedido, ambientalistas processaram o órgão em 2021. Um acordo no ano seguinte exigiu que a agência decidisse até este mês se listaria algumas girafas como ameaçadas.

“Sete anos é tempo demais para esperar pela inclusão de espécies na lista”, disse Elly Pepper, diretora de política florestal e natureza do NRDC.  “Precisamos reconhecer as ameaças às espécies de forma muito mais rápida, ou vamos perder todas elas.”

(Da redação, com conteúdo da anda.jor.br – Imagem Shuterstock)