ESTUDO INDICA QUE DIABETES TIPO 2 PODE PROVOCAR 57 OUTRAS DOENÇAS
O diagnóstico de diabetes tipo 2 aumenta o risco para outros 57 problemas de saúde, como câncer de fígado, doença renal crônica e distúrbios neurológicos. A descoberta faz parte de um estudo de pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, apresentado na Conferência Profissional de Diabetes do país, na última semana.
De acordo com os responsáveis, o estudo observacional, ainda não publicado, é o mais abrangente sobre o tema já conduzido. Os cientistas analisaram dados de mais de três milhões de pessoas do Reino Unido a partir dos bancos de dados UK Biobank e UK Clinical Practice Research. A partir das informações, eles estudaram as relações entre o diabetes tipo 2 e 116 problemas de saúde que costumam aparecer por volta dos 50 anos.
Os pesquisadores descobriram, então, que a doença estava ligada a uma maior incidência de pelo menos 57 outros diagnósticos. Além disso, essas condições surgiram, em média, até cinco anos antes em pacientes com diabetes tipo 2.
O novo estudo revela que o diagnóstico aumenta o risco em 5,2 vezes para doença renal em estágio terminal, em 4,4 vezes para câncer de fígado e 3,2 vezes para degeneração macular – doença ocular que ocorre na parte da retina chamada mácula e provoca perda gradual da visão central.
Os pacientes com diabetes tipo 2 também tiveram uma probabilidade 2,6 vezes maior de desenvolver problemas neurológicos; 2,3 vezes maior para problemas nos olhos de um modo geral; 1,9 vezes maior para problemas digestivos e 1,8 vezes maior para distúrbios de saúde mental. Em relação a condições que acometem a circulação sanguínea, o risco foi elevado para 23 de 31 problemas de saúde analisados.
A pesquisa teve como foco pessoas com mais de 30 anos, e os especialistas descobriram que os riscos foram ainda mais altos quando o paciente foi diagnosticado com o diabetes tipo 2 com idade inferior a 50 anos.
“Este estudo é um duro lembrete das implicações mais amplas do diabetes tipo 2 e da obesidade para os indivíduos”, afirmou o diretor clínico do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) para diabetes e obesidade, Jonathan Valabhji, em comunicado.
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, cerca de 537 milhões de adultos no mundo vivem com a doença, o equivalente a um a cada dez indivíduos. O diagnóstico, que tende a aumentar, segundo a organização, é responsável por aproximadamente 6,7 milhões de óbitos ao ano – uma morte a cada cinco segundos. No Brasil, a estimativa mais recente do Ministério da Saúde é de que cerca de 7% da população seja diabética.
Brasil
O tipo 2 é o mais comum, representando cerca de 90% dos casos no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Ele aparece geralmente na fase adulta e é consequência de um mau funcionamento da insulina produzida pelo corpo. O hormônio é responsável por levar a glicose para dentro das células. Quando ele não atua como deveria, a glicose passa a se acumular no sangue.
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