FANTASIAS DE CARNAVAL COM PENAS E PLUMAS? SÓ SE FOREM ARTIFICIAIS E REUTILIZÁVEIS

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 – Suzana Camargo – Conexão Planeta

Há anos o assunto já é polêmico: o uso de penas e plumas de animais para decorar fantasias. Em 2019, no penúltimo carnaval pré-pandemia, a atriz Juliana Paes foi envolvida em uma polêmica, acusada de usar um adorno de cabeça com penas de uma ave rara da Indonésia. Ela negou, mas continuava a pergunta: por que as escolas de samba ainda utilizam produtos de origem natural, estimulando um mercado cruel e desnecessário, quando há alternativas sintéticas?

Neste final de semana passado, com a realização do carnaval fora de época e o desfile das escolas no Rio de Janeiro e em São Paulo, a questão voltou a ser discutida. Muitas celebridades fizeram questão de esclarecer que suas fantasias não eram feitas com penas naturais. Uma das beldades que sambou na avenida Marquês de Sapucaí, pela Grande Rio, a atriz Paola Oliveira usava uma fantasia sem uma pena sequer.

Da mesma forma, Iza, a rainha da bateria da Imperatriz Leopoldinense, vestiu uma fantasia confeccionada apenas com material sintético. O mesmo aconteceu com a cantora e apresentadora Lexa e a atriz Erika Januza.

Mas quem mostrou como se faz mesmo foi a rainha de bateria da Acadêmicos do Tucuruvi, Cintia Mello, que apesar de ter em sua fantasia 500 penas de ema, reutilizadas. Elas tinham sido guardadas, pois foram usadas há 30 anos.

“No Carnaval as pessoas tem uma concepção de que você não está rico se você não usa pena. E as pessoas precisam descontruir isso”, afirmou Egili Oliveira, rainha de bateria da Acadêmicos de Vigário Geral, em entrevista ao portal de notícias G1.

“Acho importante a gente ter essa visão. A questão financeira está alta e depois de dois anos de pandemia a gente tem que repensar velhos hábitos”, destacou também ao site Monique Rizzeto, destaque da Estácio de Sá.

Por causa de nosso carnaval, o Brasil sempre foi um dos maiores importadores mundiais de penas e plumas, que vêm, sobretudo, da África do Sul, China e Índia. Nesses lugares, as aves são criadas especificamente para esta finalidade. Gansos, pavões, patos, avestruzes e faisões são os animais que “fornecem insumos” para esse mercado.

Crueldade e sofrimento que não cabem mais no mundo atual. Já existem alternativas similares – mineral, vegetal ou sintéticas -, que substituem os produtos de origem animal.

Estima-se que 25 toneladas de plumas sejam usadas por ano, para atender a demanda do carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo. Vendidas por quilo, dependendo da qualidade, seu valor pode variar entre R$ 160 e R$1,2 mil (custos estimados em 2019).

Outra celebridade que brilhou, como sempre, neste carnaval foi Sabrina Sato. Rainha da bateria tanto da Gaviões da Fiel, em São Paulo, como da Vila Izabel, no Rio – na mesma noite -, nos dois casos sua fantasia tinha centenas de penas e plumas. Uma delas lembrava as asas de um pássaro, em tons de preto e branco.

Tentamos entrar em contato com a apresentadora para obter esclarecimentos sobre o material usado, mas até agora não obtivemos retorno. Imaginamos que seja sintético, já que no passado, Sabrina sempre foi uma defensora dos animais e participou de várias campanhas pela proteção dos mesmos.

Todavia, não dá pra deixar de comentar: pegar jatinho para participar de dois desfiles na mesma noite não foi nada legal, né? Vale lembrar que a aviação é um dos setores que mais emite CO2, gás apontado como sendo um dos principais responsáveis pelo aquecimento global…

Sabrina Sato vestindo a fantasia com plumas azul para o desfile da Vila Izabel

A fantasia de Cintia Mello tinha penas reutilizadas pela escola

(Foto: reprodução Facebook Acadêmicos de Tucuruvi/Jobelliphotos)