Na França, desde 1o de janeiro, 30 mil lojas de fast food estão proibidas de usar embalagens, copos e talheres descartáveis; proibição é segunda etapa de um plano para combater a produção e o descarte desnecessário de itens descartáveis no país.
Desde 2020, a França proibiu a venda de produtos descartáveis feitos de plástico, como copos, pratos e talheres, que deveriam ser substituídos por similares biodegradáveis. O objetivo do governo era reduzir o desperdício, incentivar a reciclagem e consequentemente, evitar a poluição provocada pelos mesmos.
E desde o último dia 1o de janeiro, uma nova fase do plano para combater a produção e o descarte desnecessário de itens descartáveis entrou em vigor: ficou banido o uso de embalagens, copos, pratos e talheres de uso único em lojas de fast food, mesmo aqueles que sejam biodegradáveis.
A regra vale para aqueles consumidores que estão comendo dentro da loja, que deverão ser servidos com pratos, talheres e copos reutilizáveis, ou seja, que podem ser lavados e usados novamente.
A estimativa é que com a medida, aproximadamente 180 mil toneladas de resíduos deixem de ser descartados. São cerca de 30 mil restaurantes e lanchonetes que vendem 6 bilhões de refeições rápidas na França por ano.
“É uma medida emblemática que, se implementada corretamente, fará uma diferença muito concreta para as pessoas – definitivamente vai na direção certa”, disse Moira Tourneur, da organização Zero Waste France em entrevista à AFP.
Os estabelecimentos comerciais passaram os últimos meses se preparando para atender à nova exigência.
Todavia, há muitas críticas. A European Paper Packaging Alliance (EPPA), associação que reúne os fabricantes de embalagens de papel, afirmou que a taxa de reciclagem dos produtos até então usados passava de 80%.
Já algumas cadeias de fast food alegam que gastarão mais com energia e água para lavar as embalagens, pratos, copos e talheres. Muitas delas foram obrigadas a criar campanhas de conscientização entre seus clientes para informar que nada deve ser jogado no lixo a partir de agora.
Depois de sediar a Conferência das Nações Unidas pelas Mudanças Climáticas (COP21), em 2015, a França lançou o plano nacional La Transition Énergétique pour la Croissance Verte (Plano de Transição Energética para o Crescimento Verde, em tradução livre), em que se comprometeu, entre outras metas, a diminuir a emissão de gases de efeito estufa (aqueles que provocam o aquecimento da superfície da Terra) em 40% até 2030 (em relação aos índices de 1990); diminuir, até 2050, em 50% o uso de energia do consumidor final, comparados aos números de 2012, e 30% a dependência nos combustíveis fósseis (gasolina, diesel e carvão)
O CERCO AO PLÁSTICO SE FECHA
O plástico demora milhares de anos para se decompor na natureza.
E para piorar, há mais de 50 tipos diferentes de plástico. Invariavelmente, o destino final de resíduos feitos com essa matéria-prima são os oceanos.
Cientistas afirmam que até 2050, quase todas as aves marinhas terão plástico em seus organismos. Não escaparão nem as mais remotas comunidades de pinguins da Antártica ou albatrozes nascidos em ilhas e rochedos distantes do continente (leia mais sobre o assunto neste post).
Mas muitos governos já se posicionaram contra o uso insustentável destes materias que provocam imenso impacto ambiental. São Francisco, nos Estados Unidos, proibiu a comercialização de embalagens e produtos feitos com isopor. Em 2014, a prefeitura tinha banido a venda de garrafas plásticas em espaços públicos.
Outra cidade que promulgou lei para reduzir o descarte de resíduos poluentes foi Hamburgo, na Alemanha. Por lá, a prefeitura proibiu o uso de cápsulas em orgãos e repartições públicas.
Em diversos países, como Inglaterra, Irlanda, Escócia, Dinamarca, Alemanha, Portugal e Hungria, também não se distribui mais gratuitamente sacolas plásticas no comércio. Há uma cobrança por elas, que mesmo sendo ínfima, faz com que consumidores mudem seu comportamento e comecem a levar suas sacolas de casa.
Com mais pressão do governo, tecnologias inovadoras – que já existem e conscientização da população, é possível reduzir drasticamente o uso do plástico e assim, a poluição nas cidades e nos oceanos.
(Conteúdo e foto de conexãoplaneta.com.br -4 de janeiro de 2023 – Suzana Camargo)
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