Golpe de Estado no Níger: Militares anunciam mudanças no país africano em pronunciamento televisivo
Nesta quarta-feira (26), militares do Níger tomaram os holofotes da rede nacional de TV do país africano para comunicar ao público um golpe de Estado em andamento.
Durante o pronunciamento, eles informaram que a Constituição foi dissolvida, todas as instituições estão suspensas e as fronteiras do país foram fechadas na região da África Ocidental.
Além disso, foi decretado um toque de recolher que vai das 22h às 05h, no horário local.
O presidente do Níger, Mohamed Bazoum, foi detido pelas forças da guarda presidencial no início do dia de quarta-feira.
Mohamed Bazoum havia sido democraticamente eleito em 2021 e representava um importante aliado do Ocidente na luta contra grupos militantes islâmicos na região da África Ocidental.
Após o anúncio dos militares na TV, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Blinken, fez um apelo pela libertação do presidente Bazoum. Durante uma entrevista coletiva na Nova Zelândia, Blinken expressou sua preocupação com o ocorrido, afirmando que “está claro que se trata de uma tentativa de tomar o poder pela força e romper com a Constituição”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também entrou em contato com Bazoum e ofereceu todo o apoio da ONU ao presidente detido.
Vale ressaltar que o Níger já enfrentou quatro golpes desde sua independência da França, em 1960, além de várias tentativas de golpes ao longo dos anos.
Durante o pronunciamento televisivo realizado pelos militares, o coronel Amadou Abdramane, acompanhado por outros nove soldados uniformizados, declarou: “Nós, as forças de defesa e segurança, decidimos encerrar o regime atual que vocês conhecem”.
Ele também apontou que essa decisão se deu devido à contínua deterioração da segurança no país e aos problemas de má governança econômica e social.
Os militares pediram para que parceiros externos não interfiram nos assuntos internos do Níger. Além disso, decretaram o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas até que a situação se estabilize.
Vizinhos do Níger, como Mali e Burkina Faso, também passaram por golpes recentes, desencadeados por grupos jihadistas. Nos dois países, os novos líderes militares romperam com a França, antiga potência colonial, que também governou o Níger.
Antes do golpe, multidões haviam saído às ruas da capital, Niamei, em apoio ao presidente Bazoum. Observadores relataram a presença de forças leais ao presidente, armadas e posicionadas ao redor da emissora nacional.
Apesar do cenário relativamente pacífico na cidade, os soldados por trás do golpe utilizaram disparos para dispersar os protestos.
O Níger enfrenta desafios com duas insurgências islâmicas: uma no sudoeste, influenciada pelas disputas de poder no Mali; e outra no sudeste, envolvendo jihadistas provenientes do nordeste da Nigéria.
Neste contexto, grupos militantes aliados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico têm mostrado atividade no país.
Com dados de: BBC