JIBOIA COMEU GATO DOMÉSTICO MAS VOLTOU À FLORESTA
“Anjinha” foi devolvida à natureza, recebendo compreensão dos tutores do gato devorado. Cobra foi mais uma vítima do impacto da predação, perda de território e desmatamento
A história de Anjinha poderia ter tido um final trágico. No final de março, a enorme jiboia fêmea comeu um gato doméstico numa casa próxima de uma área de floresta, no Rio de Janeiro.
Apesar do choque, os tutores do gato não fizeram nada contra a serpente. Entraram em contato com o Instituto Vida Livre e pediram que a cobra fosse retirada do local.
“Essa é uma atitude exemplar e respeitosa dos tutores do gatinho, que apesar da tristeza, entenderam que a jiboia estava fazendo apenas o que nós todos tentamos todos os dias: sobreviver em áreas próximas às florestas. Nosso impacto no desmatamento e introdução de espécies domésticas gera conflitos para todos os lados”, escreveu na época, Roched Seba, diretor e fundador do Vida Livre.
Ele ressaltou ainda como nesse contexto a balança é bastante desequilibrada para os animais silvestres. “As populações estão se reduzindo drasticamente e sofrem o impacto da predação, perda de território e transmissão de doenças por parte dos nossos animais domésticos”.
Durante três meses a jiboia batizada carinhosamente de Anjinha ficou sob os cuidados da equipe do instituto. Foram feitos exames e ela foi recebeu um chip de identificação. Nesse período, ela também passou por uma troca de pele.
E nessa última sexta-feira, 09/06, finalmente Anjinha voltou à natureza. Ela foi solta na floresta, perto da região onde foi encontrada, mas longe de casas.
“Anjinha agora é livre para seguir seu caminho”, escreveu o Vida Livre em seu perfil no Instagram.
A compreensão encontrada por Anjinha não foi a mesma que outra jiboia, apelidada de Santinha, recebeu. No final de dezembro, a serpente foi descoberta em estado gravíssimo, perto do Parque da Tijuca, também no Rio. Ela tinha sido brutalmente espancada na cabeça. Com diversas fraturas e ferimentos, ela foi resgatada e levada para o Vida Livre.
Desde então, se tornou um símbolo contra o estigma a serpentes. A esperança é que após seu longo tratamento, ela possa, assim como Anjinha, ser devolvida à vida livre.
(conexaoplaneta.com.br – 10 de junho de 2023 – Suzana Camargo)