MALAS TROCADAS EM AEROPORTO: SAIBA COMO SE PREVENIR

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Caso recente de duas brasileiras injustamente presas porque trocaram suas malas por outras contendo drogas lança alerta contra troca e malas e outros golpes comuns em aeroportos.

A empresária Kátyna Baía, 44, e sua esposa, Jeanne Paolini, 40, foram detidas no dia 5 de março no aeroporto de Frankfurt. A acusação: a alfândega encontrou 40 quilos de cocaína em suas bagagens despachadas.

Só que as malas foram adulteradas. Uma quadrilha trocava as etiquetas de bagagens ainda em Guarulhos, no Aeroporto Internacional. Na verdade, os criminosos retiravam a identificação de outra mala qualquer e a colocavam em outra, com drogas.

A Polícia Federal passou a agir imediatamente e e prendeu seis suspeitos de integrarem o grupo – mas as brasileiras permaneceram presas em Frankfurt mais de um mês, tedo sido liberadas apenas na terça feira, 11 de abril – um mês e seis dias detidas sem motivo.

De acordo com a delegada Fernanda Herbella, da Deatur (Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista), em entrevista à Folha de S. Paulo, o caso seria excepcional, porque as bagagens são despachadas dentro de uma área de segurança, que quase sempre é protegida por filmagens, circuitos internos e fiscalizações. Nesse caso, houve uma falha, mas, segundo a delegada,  se trata de algo excepcional.

ALERTA

Os passageiros não devem descuidar da bagagem nem por um minuto, recomendam especialistas, que recomendam ainda nunca aceitar ajuda de estranhos para carregar as malas ou para atende-las numa ida, por exemplo, ao banheiro – e muito menos aceitar carregar uma bolsa que não seja sua.

E quando for viajar, pesquise as restrições do destino. Alguns medicamentos são consideradas drogas em alguns países. Leve a receita médica o tempo todo.

A Folha listou as recomendações de três especialistas para se prevenir de golpes relacionados a bagagens e reunir provas se for necessário posteriormente:

Preste atenção nas etiquetas
Na hora do despacho, o funcionário da companhia aérea etiqueta a bagagem e dá ao passageiro um comprovante. Nesse papel, constam o código de identificação, a quantidade de itens despachados e o peso de cada um deles. Por isso, é essencial guardar esse documento e, se possível, fotografá-lo.

No caso das turistas brasileiras, uma das evidências de que a mala com drogas não era delas foi o peso das bagagens registrado no check-in: uma pesava 16 kg e a outra, 17 kg, valores inferiores aos 20 kg de cocaína encontrados pela polícia em cada bolsa.

Outra dica é observar se o número de etiquetas que o funcionário da companhia aérea imprimiu na hora do check-in é compatível com a quantidade de volumes que está sendo despachado —e se todas as identificações foram de fato colocadas nas malas. Isso porque já houve situações em que criminosos usaram etiquetas emitidas a mais para identificar bagagens com drogas, afirma Marcus Almeida, que deu apoio a uma operação da PF contra esse tipo de crime no Galeão.

Identifique e fotografe os volumes
Utilize etiquetas com os seus dados para identificar a mala. No lado de fora, o ideal é pendurar ao menos duas, porque uma delas pode se romper com o manuseio no aeroporto. Também vale colocar uma identificação dentro da mala, porque, caso surja alguma dúvida sobre quem é seu dono, ela poderá ser aberta. Mas não é preciso exagerar nas informações: basta escrever nome, sobrenome e telefone (não se esqueça do código do país e do DDD).

Além disso, busque diferenciar a sua mala das demais. Use fitas coloridas, adesivos ou outros recursos visuais que possam ser registrados pelas câmeras do aeroporto. Quanto mais diferente for a bagagem, mais fácil será identificar que houve uma troca. Faça fotos ou vídeos da mala, de preferência no momento em que ela estiver sendo despachada.

Proteja bem a bagagem
Fechar a mala com cadeado é obrigatório para aumentar a segurança, mas nem sempre é suficiente. Muitas vezes, é possível abrir o zíper com o auxílio de uma caneta e, depois, fechá-lo novamente. Assim, uma dica é, além do cadeado, prender os fechos do zíper com um lacre na alça da bagagem. Isso dificulta que o zíper consiga ser fechado novamente, inibindo esse tipo de prática.

Não há nenhuma proteção infalível, mas, em geral, os criminosos procuram as malas que podem ser violadas mais rapidamente, sem que ninguém veja. Portanto, vale utilizar todo tipo de recurso para complicar a ação dos bandidos: capas protetoras, cintas com código ou envelopamento com plástico, por exemplo.

Outra opção é inserir rastreadores dentro da bagagem, cuja localização é compartilhada com o dono por meio de um smartphone. A ferramenta da Apple, o AirTag, custa a partir de R$ 369 no site da marca. O Galaxy SmartTag, da Samsung, aparece como indisponível no site da empresa, mas, em outras lojas online, tem preço entre R$ 180 e R$ 350.

Na hora de pegar a mala na esteira, caso você perceba que há algo de diferente com ela, verifique no local se algum pertence está faltando ou se algum objeto diferente foi introduzido. Então, comunique imediatamente às autoridades.

Dê preferência ao modelo de mão
Em viagens mais rápidas, uma alternativa é não despachar a mala. O passageiro tem direito de levar na cabine uma mochila ou bolsa para guardar embaixo do assento à sua frente e uma bagagem de mão de até 10 kg e dentro das dimensões permitidas (55 cm de altura, 35 cm de comprimento e 25 cm de largura).

Nesse caso, é fundamental ficar atento aos seus pertences o tempo todo, inclusive dentro do avião. Carregue documentos, dinheiro e outros itens de valor junto ao corpo ou, no máximo, na bolsa que ficará sob os seus pés.

Posicione a mala de mão no compartimento superior o mais próximo possível do seu assento, de modo que consiga visualizar se alguém abri-lo. Feche a bagagem com cadeado e coloque o lado do zíper virado para o fundo do compartimento. Assim, ficará mais difícil que uma pessoa mal intencionada consiga violá-la.

E lembre-se: se o compartimento da cabine já estiver lotado, a empresa aérea pode solicitar, na hora do embarque, que a sua mala seja despachada, sem custo adicional. Por isso, esteja sempre preparado para essa possibilidade, tomando as mesmas precauções na hora de entregar a bagagem (identificar, proteger e fotografar o volume).

Entenda como os criminosos agiram no Aeroporto de Guarulhos (SP)

  • Dentro de uma área restrita do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), um funcionário foi filmado pelo circuito de segurança mexendo nas etiquetas das malas de Kátyna Baía e Jeanne Paolini
  • Segundo investigação da PF, as etiquetas das duas malas foram trocadas pelas de outras bagagens, com 20 kg de cocaína em cada uma
  • As imagens anexadas ao processo mostram que as malas com a droga eram completamente diferentes das que foram despachadas pelas brasileiras
  • Pelo registro da companhia aérea, as bagagens do casal pesavam 16 kg e 17 kg no momento em que foram despachadas, valores inferiores aos 20 kg de cocaína encontrados pela polícia em cada uma das malas”

(Com conteúdo da Folha de S. Paulo)

Imagens de circuito de segurança do aeroporto de Guarulhos mostram funcionário mexendo nas bagagens da empresária Kátyna Baía e da veterinár DivulgaçãoMAIS