“O SACY’, DE MONTEIRO LOBATO, GANHA REPRODUÇÃO DO ORIGINAL

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No livro O Sacy, relançado em edição fac-similar,  Lobato utiliza seus personagens que logo se tornaram clássicos: Pedrinho, Narizinho, Dona Benta, Tio Barnabé

 O escritor Monteiro Lobato colaborava com O Estadão com artigos e ideias, pelos idos de 1917. E a partir de 28 de janeiro de 1917 – há 105 anos, portanto – o escritor se interessou pela mitologia brasileira, que ele chamava de Mitologia Brasílica, fazendo perguntas aos leitores sobre qual a concepção que cada leitor tinha do Saci, já que essas figura da mitologia aparecia de formas diferentes nas regiões do país.

O resultado: muitas cartas chegaram do país todos, com respostas as mais diversas. Lobato trabalhou esse material e publicou, em 1918, aquele que  seria o seu primeiro livro, “O Sacy Pererê”,com 300 páginas, utilizando o pseudônimo de “Demonólogo Amador”, por ter utilizado material de outros.

Em 1921, publica O Sacy, com ilustrações de Voltolino. De acordo com Magno Silveira, desginer, “Trata-se de uma raridade, que constantemente desperta o interesse de pesquisadores e de todos os ‘filhos de Lobato'”. A admiração o levou a lançar uma edição fac-similar da primeira edição de O Sacy.

LENDAS

Magno fundou a editora Graphien e editou 1.500 exemplares de um trabalho fac-similar rigorosamente fiel ao original.

O livro está à venda inicialmente no site da editora (graphien.com.br) e, no dia 21 de junho, fará o lançamento na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista,

Segundo Vladimir Sacchetta, em um dos textos publicados como posfácio, “Lobato leva as crianças para um incrível passeio pelo capoeirão dos tucanos, guiadas pelo duende de capuz vermelho”. E, no passeio, as crianças conhecerão de perto lendas e mitos brasileiros.

Lobato, ao escrever o livro, se interessou pelo personagem, investindo em uma discussão que dominava o mundo intelectual da época: nacionalismo x estética europeia importada, o que lhe era muito caro. Lobato se indignava com estátuas de pequenas figuras germânicas, que, segundo ele, ocupavam o lugar dos  mitos brasileiros no sespaços públicos.

CARTA

“Minha ideia de menino é que o Saci tem olhos vermelhos, como o dos beberrões, e que faz mais molecagens que maldades, monta e dispara os cavalos à noite – chupa-lhes o sangue e embaraça-lhes a crina”, descreve Lobato em carta trocada com Godofredo Rangel, seu colega na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. A partir da pesquisa com leitores, ele forjou o seu duende brasileiro: menino preto, de uma perna só, carapuça dourada e pequeno cachimbo na boca.

 

No livro O Sacy, Lobato utiliza seus personagens que logo se tornaram clássicos (Pedrinho, Narizinho, Dona Benta, Tio Barnabé) para tratar do personagem que assusta as crianças. “Para fazer do Saci uma figura heroica – além de divertida, como as personagens dos álbuns franceses – sem apagar seus traços essenciais, divulgados nas lendas conhecidas no Sudeste, Lobato cria uma narrativa densa, por meio da qual explora diferentes pontos de vista sobre o ‘diabinho’ brasileiro”, observa a pesquisadora Cilza Carla Bignotto, em outro texto do posfácio.

Serviço

O Sacy, de Monteiro Lobato

Org. Magno Silveira

Editora Graphien

R$ 199. Venda em graphien.com.br

(Com conteúdo de bemparana.com.br)