Um estudo global publicado na revista científica Nature Sustainability nesta quinta-feira (10/06) revelou que 80% do lixo encontrado nos oceanos é composto por plástico, sobretudo sacolas e garrafas. Em seguida vêm metal, vidro, roupas e outros artigos têxteis, borracha, papel e madeira processada.
A maior proporção de plástico encontra-se nas águas superficiais (95%), seguida das costas (83%), enquanto os leitos dos rios apresentam a menor percentagem (49%).
O estudo analisou 112 categorias de resíduos maiores que três centímetros em sete ecossistemas, como rios, leitos de rios, águas costeiras e águas abertas. Foram utilizadas informações de 12 milhões de pontos de observação de 36 bancos de dados em todo o planeta.
Sacolas descartáveis, garrafas plásticas, recipientes para alimentos e embalagens de comida são os quatro itens que mais poluem os mares, representando quase metade dos dejetos de origem humana.
Apenas dez produtos, entre os quais tampas e equipamentos de pesca, responderam juntos por 75% do lixo plástico, devido a seu uso generalizado e degradação extremamente lenta.
Em termos de origem, os produtos take-away – sacolas, embalagens, recipientes para alimentos e latas – representam a maioria dos resíduos em todos os ambientes (de 50% a 88%), exceto no mar aberto, onde 66% provém das atividades marítimas. Já plásticos de origem médica e higiênica – como lenços umedecidos – encontram-se sobretudo no fundo do mar, perto da costa.
Canudinhos e mexedores representaram apenas 2,3% dos resíduos, cotonetes e palitos de pirulito, 0,16%. Por essa razão, os pesquisadores destacam que, apesar da importância de iniciativas como as vistas na Europa, para eliminar o consumo de canudinhos e cotonetes, se outros itens não forem incluídos nessas ações, o problema não será resolvido.
Produção irresponsável e consumo desenfreado
A maior concentração de lixo foi encontrada nas faixas costeiras e no fundo do mar perto das costas. Uma das explicações dos cientistas é que o vento e as ondas varrem o lixo para a costa, onde se acumula no fundo.
Os responsáveis pela pesquisa alertam que a produção irresponsável de artigos plásticos de uso único, o comportamento inadequado de usuários e as deficiências dos sistemas de reciclagem levam a um acúmulo contínuo desses materiais. Por essa razão, os autores propõem maior controle do consumo e produção.
“Não ficamos surpresos que o plástico respondesse por 80% do lixo, mas sim com a alta proporção de itens para viagem, que não eram apenas do McDonald’s, mas garrafas de água, de bebidas como Coca-Cola, e latas”, disse uma dos autores da pesquisa, Carmen Morales-Caselles, da Universidade de Cádiz, Espanha, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
“Esta informação facilitará para os legisladores tomarem medidas para tentar ‘fechar a torneira’ dos detritos marinhos que vão parar nos oceanos, em vez de apenas limpá-los”, acrescentou.
Como alternativas, os pesquisadores recomendaram a proibição de artigos de plástico para viagem, como sacolas descartáveis. Em relação a produtos considerados essenciais, eles sugerem que os produtores assumam mais responsabilidade na coleta e descarte seguros, bem como em esquemas de devolução de materiais.
(Crédito DW)
A IMPORTÂNCIA DA POPULAÇÃO NA RECICLAGEM DE PLÁSTICOS
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