PLATAFORMA SALVE MOSTRA ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO
Plataforma SALVE tem dados de quase 15 mil espécies da fauna, sendo que 364 delas estão em risco crítico de extinção.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou a plataforma Salve, que reúne, na internet, informações do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira.
A plataforma virtual aponta que 1.253 espécies dos sete biomas do país (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Marinho) estão na categoria de ameaçadas de extinção, em uma das três subclassificações de risco: vulnerável; em perigo; e criticamente em perigo.
Entre os destaques, a plataforma Salve traz o réptil jararaca-de-alcatrazes, o mamífero aquático boto-cachimbo e a ave soldadinho-do-araripe, todos classificados como criticamente em perigo.
Estas espécies em risco de extinção correspondem à 8,6% da lista total de 14.785 espécies avaliadas e catalogadas na plataforma lançada, como espécies de invertebrados e animais vertebrados, mamíferos, anfíbios, aves, répteis, peixes marinhos e continentais. Neste universo, a Salve publicou as fichas técnicas de 5.513 espécies, com mais de 150 mil páginas, no total.
Transparência e conservação da biodiversidade
A plataforma Salve é operada por servidores do ICMBio. No lançamento da ferramenta, em Brasília, o presidente do ICMBio, Mauro Pires, esclareceu que as informações sistematizadas disponibilizadas têm a real função de contribuir para manter a biodiversidade brasileira e afastar o risco de extinção das espécies.
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, considera que a plataforma do ICMBio servirá como importante ferramenta de consulta dos técnicos do Ibama. O órgão é responsável, entre outros, por conceder ou não o licenciamento ambiental a empreendimentos no território nacional, conforme avaliação do potencial poluidor ou de degradação do meio ambiente. Por isso, Rodrigo Agostinho defende o trabalho integrado de Ibama, ICMBio e órgãos municipais e estaduais de fiscalização ambiental para coibir erros.
“O Salve nos aproxima. Por isso, também os órgãos estaduais de licenciamento precisam conhecer não só quais são as espécies ameaçadas naquele estado, mas, onde elas estão”, frisou Rodrigo Agostinho.
AMEAÇA DE EXTINÇÃO
De acordo com o coordenador de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna do ICMBio/MMA, Rodrigo Jorge, o número de espécies na categoria de ameaçadas de extinção aumentou. “Estamos cientes de que há, no país, uma série de pressões que levam ao aumento do número de espécies ameaçadas de extinção. Isso é bastante preocupante. E o principal motivo é a redução do habitat dessas espécies, em decorrência, principalmente, do desmatamento”.
Neste momento, a plataforma Salve registra, além das 1.253 espécies ameaçadas de extinção, a extinção de seis espécies da fauna brasileira; mais uma espécie extinta na natureza (quando os únicos membros vivos conhecidos são mantidos em cativeiro) e outras três espécies regionalmente extintas.
Entre eles, estão o gritador-do-nordeste, de Pernambuco; a perereca-verde-de-fímbria, originária da Mata Atlântica de São Paulo; e o rato-de-Noronha.
A secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA, Rita Mesquita, lamenta casos como esses, informados na nova plataforma. Para a secretária, o Salve será uma ferramenta extremante útil para planejamentos integrados.
“Para mim, é difícil pensar que existe um número, mesmo que pequeno, de espécies que se extinguiram e, principalmente, quando penso em uma lista, que não é tão pequena, das espécies que estão ameaçadas. Por isso, é importante que a gente dê sequência a esses planos nos territórios. Lá, onde essas espécies ocorrerem, para que elas saiam dessas listas [de extinção]”, planeja Rita Mesquita.
MELHORA DA CATEGORIA DE RISCO DE EXTINÇÃO
O coordenador de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna do ICMBio, Rodrigo Jorge, revelou que o trabalho de conservação da biodiversidade traz alguns resultados otimistas, como a saída de 144 espécies da lista de ameaçadas de extinção.
“Para exemplificar, das cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil, quatro melhoraram seus estados de conservação e uma, especificamente, saiu da lista de espécies ameaçadas de extinção, a tartaruga verde”, diz.
Apesar de comemorar a saída da lista de maior risco, Rodrigo Jorge esclarece que as espécies ainda dependem de esforço de conservação para persistirem fora de perigo e para garantia de sobrevivência.
Para consultar as listas do Instituto SALVE, acesse o site pelo link SALVE-Consulta (icmbio.gov.br)
(Daniela Akmeida – Conexão Planeta – Texto publicado originalmente em 02/08/23 no site da Agência Brasil – Foto: Aurea Vasconcelos/ICMBio