Conheça Tereza de Benguela, a escrava que virou rainha e liderou um quilombo de negros e índios. Hoje se comemora também o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha
Uma das personagens esquecidas pela história do Brasil, Tereza de Benguela é uma heroína negra, nascida em local desconhecido mas que faz parte da história brasileira (e pouco lembrada).
Tereza viveu no século XVIII e foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho até ser assassinado por soldados do Estado. O Quilombo do Piolho também era conhecido como Quilombo do Quariterê (a atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia). Esse quilombo foi o maior do Mato Grosso.
Com a morte de José Piolho, Tereza se tornou a líder do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas.
O Quilombo do Quariterê abrigava mais de 100 pessoas, com destacada presença de negros e indígenas. Tereza navegava com barcos imponentes pelos rios do pantanal. E todos a chamavam de “Rainha Tereza”.
O Quilombo, território de difícil acesso, foi o ambiente perfeito para Tereza coordenar um forte aparato de defesa e articular um parlamento para decidir em grupo as ações da comunidade, que vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana, e da venda dos excedentes produzidos.
Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou roubadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumentos de trabalho, visto que dominavam o uso da forja.
“Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.” – Anal de Vila Bela do ano de 1770
Não se tem registros de como Tereza morreu. Uma versão é que ela se suicidou depois de ser capturada por bandeirantes a mando da capitania do Mato Grosso, por volta de 1770, e outra afirma que Tereza foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo.
O Quilombo resistiu até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho. A população na época era de 79 negros e 30 índios.
Em homenagem a Tereza de Benguela, o dia 25 de julho é oficialmente no Brasil o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A data comemorativa foi instituída pela Lei n° 12.987/2014. (Com conteúdo da ufrb.edu.br)
Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha
Também hoje, dia 25 de julho, é comemorado o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha.
Em 1992, um grupo de mulheres negras oriundas dos países da América Latina reuniu-se em Santo Domingos, na República Dominicana, para a realização do primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas.
Ali discutiram problemas que afetam a todas as mulheres em geral, como machismo, formação educacional e profissional, maternidade.
No entanto, também trataram de questões específicas, como o racismo, preconceito e a situação de inferioridade que se encontram em relação às mulheres brancas.
A fim de chamar a atenção para esta problemática, a data de 25 de julho ficou estabelecida como o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha.
A história da América Latina foi embranquecida quando foi escrita, mas sobram exemplos de mulheres negras lutadoras que deixaram sua marca no tempo em que viveram. Eis alguns exemplos:
- María del Tránsito Sorroza (séc. XVII) – parteira, foi libertada em 1646 devido a sua competência profissional. Equador.
- Tereza de Banguela (?-1770) – rainha do Quilombo de Quariterê. Brasil.
- Cécile Fatiman (1791-?) – sacerdotisa vodu e ativista política. Haiti.
- María Remedios del Valle (1776-1847) – capitã do exército. Argentina.
- Victoria de Santa Cruz (1922-2014) – poeta, coreógrafa, desenhadora. Peru.
- Epsy Campbell (1963) – vice-presidente da Costa Rica, desde 1º de abril de 2018. Costa Rica.
- Gloria Rodríguez (1964) – 1.ª deputada negra no Uruguai.
- Ely Meléndez – economista, consultora do BID, ativista feminista. Honduras.
- Sandra Abd’Allah-Alvarez Ramírez (1973) – escritora e ensaísta. Cuba.
- Dilia Palacios (1977) – ativista política. Guatemala.
- Carolina Indriago (1980) – primeira miss Venezuela morena, apresentadora e modelo. Venezuela.
- Mercedes Argudin Pacheco – feminista. Chile.
- Betty Garcés (1986) – soprano. Colômbia.
FRASES
“As pessoas falam que a questão do racismo melhorou, mas como artista, mulher negra, nascida na comunidade, afirmo que não melhorou. É muito fácil para quem não passa pelo preconceito, falar. É aquela história de ‘quem bate esquece, mas quem apanha leva para vida.'” – Roberta Rodrigues, cantora.
“Não esmoreço, não perco o ânimo, porque acho que isso é o mais importante. Cresci em uma família muito consciente, de pais militantes, que sempre me orientaram. Eu sei dos meus direitos.” – Maria Julia Coutinho, jornalista.
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