Exame confirma substância tóxica em petisco consumido por cão que morreu em BH; petiscos em questão são da marca Every Day, produzidos pela empresa Bassar Pet Food; substância também já havia sido encontrado em outros produtos da mesma marca e das linhas Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral
Um exame confirmou a presença de monoetilenoglicol em petiscos consumidos por uma cadela que morreu no bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, em 6 de setembro. A cadela Mallu completaria seis anos no início de outubro. Exames de necropsia feitos no animal ainda vão atestar a causa da morte.
Os petiscos em questão são da marca Every Day, produzidos pela
empresa Bassar Pet Food. Os exames foram feitos pela Polícia Civil de Minas Gerais, que já havia encontrado a substância em outros produtos da mesma marca e das linhas Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral, também produzidas pela Bassar.
“O resultado do exame não me deixa feliz, mas me dá forças para lutar. Agora a Bassar não tem o que dizer”, conta a tutora Amanda Carmo, que ainda sofre com a perda. “Chorei bastante. Minha mãe também sofre”, contou.
Amanda também reforça que vai processar a empresa. Ao longo de todo o tratamento de Mallu, entre 22 de agosto e 6 de setembro, a tutora gastou cerca de R$ 14 mil.
“Estou com notas fiscais, laudos veterinários [que apontam o quadro de intoxicação do animal]. Para termos mais respaldo, aguardaremos o exame de necrópsia”, contou. O exame que deve determinar a presença do etilenoglicol na cadela é feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e deve ficar pronto em duas semanas.
ORIGEM DA CONTAMINAÇÃO
Conforme as investigações, conduzidas pela Polícia Civil e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a contaminação dos petiscos teria ocorrido a partir do uso do aditivo propilenoglicol contaminado com etilenoglicol. Conforme a última atualização divulgada pela Polícia Civil, 54 cães teriam morrido intoxicados em 12 estados e no distrito federal.
A substância, comprada pela Bassar, teria sido revendida pelas empresas TecnoClean, com sede em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, e A&D Química. A primeira afirma não ter responsabilidade sobre a pureza do produto, enquanto a segunda garante não vender o aditivo para uso no ramo alimentício.
Representantes das empresas envolvidas prestaram depoimentos para as autoridades e devem responder por crime de fraude e crime contra a saúde pública.
Até o momento, cinco fabricantes de produtos para cães tiveram determinação do Mapa para recolhimento de seus produtos após detecção do uso de lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol. São elas: Bassar, FVO Alimentos, Peppy Pet, Upper Dog e Petitos.
O QUE DIZ A BASSAR
Em nota, a Bassar afirma que se solidariza com os clientes afetados e que tem colaborado com as investigações. Além disso, informa ter realizado “recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro”.
“Isso compreende todos os lotes de produtos, marca própria ou marca Bassar, com numeração acima do lote “3329”. O consumidor deve revolver o produto à loja, que deverá realizar o reembolso do valor gasto, independentemente de a embalagem estar aberta ou não, sem qualquer custo adicional”, prossegue.
A empresa também diz ser interessada no esclarecimento das investigações. “A empresa reforça que o etilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa da sua cadeia de produção.”
(Fonte O Tempo/Gabriel Rezende)
Mallu morreu no início deste mês com sintomas de intoxicação — Foto: Arquivo Pessoal
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