Aumento de 65% em internados nas UTIs da Grande S. Paulo em duas semanas, 18.622 casos e 49 mortes no país em24 horas, recomendação do retorno das máscaras? Indicadores de que a COVID está sim ativa no país levam autoridades a pedir volta das precauções, inclusive uso de máscaras. E milhões de brasileiros não tomaram as doses de reforço da vacina – muitos sequer a primeira.
Os sinais estão todos aí – mas, tipicamente, o brasileiro faz de conta que não é com ele.
Estamos falando da COVID-19, doença que deixou no país mais de 600 mil mortes (e ainda contando) e que voltou a recrudescer nos últimos dias.
Agora, o alerta vem da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que divulgou no sábado (12) uma nota técnica alertando estados e municípios sobre o aumento do número de casos de Covid-19 no país e reforçando a necessidade uso de máscaras.
O MS cita que, agora, está circulando no país a subvariante da ômicron BQ.1 no país e aponta, além do uso de máscaras, o reforço da higienização frequente das mãos com álcool 70% ou água e sabão.
A secretaria destacou que as medidas deves ser seguidas principalmente “por indivíduos com fatores de risco para complicações da Covid-19 (em especial imunossuprimidos, idosos, gestantes e pessoas com múltiplas comorbidades)”.
Esses cuidados também devem ser levados adotados por pessoas que tiveram contato com casos confirmados da doença e por quem costuma frequentar locais fechados e mal ventilados, aglomerações ou unidades de saúde.
69 MILHÕES NÃO TOMARAM NENHUM REFORÇO, OBRIGATÓRIO.
As vacinas contra a Covid só têm efeito para repelir a doença ou amenizar seus efeitos quando se completa o ciclo de vacinação. No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, apelou no sábado para que a população se vacine.
Segundo o ministro, 69 milhões de brasileiros ainda não tomaram 1ª dose de reforço e 32,8 milhões que poderiam ter recebido a 2º dose de reforço ainda não se vacinaram.
NOVOS CASOS PREOCUPAM; AUMENTO É DE 74% EM DUAS SEMANAS
O aumento de casos da Covid-19 foi evidenciado por um levantamento do consórcio de veículos de imprensa, que monitora os casos novos em todo Brasil. Segundo esse consórcio, entre sexta (11) e sábado (12), contabilizaram-se 5.262 casos novos da doença.
No total, o país registrou 5.262 novos diagnósticos de Covid-19 em 24 horas, completando 34.954.680 casos conhecidos desde o início da pandemia.
Com isso, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 8.935, com variação de +74% em relação a duas semanas atrás.
Na Grande S. Paulo, o número de pacientes com coronavírus internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) cresceu 65,1% nas duas últimas semanas. Em 25 de outubro, eram 215 pessoas nessa condição. No dia 8 de novembro, o número passou para 335.
O número de hospitalizados em leitos de enfermaria teve aumento porcentual ainda maior, passando de 364 para 660 no mesmo período, alta de 81,3%, também de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde.
BQ.1 – A NOVA SUBVARIANTE
Em circulação no país, a nova subvariante da ômicron da Covid, a BQ.1, foi encontrada em São Paulo, onde ocorreu uma morte, no Amazonas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Com sintomas semelhantes às variantes anteriores, a BQ.1 não é de maior gravidade.
De qualquer forma, a recomendação do Ministério da Saúde é completar o esquema de vacinas – que protegem contra essa nova subvariante – e manter medidas como o uso de máscaras e distanciamento social, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.
A VOLTA, COM FORÇA TOTAL, DAS PRECAUÇÕES NECESSÁRIAS
Não se deve esquecer que as aglomerações devem acontecer nos jogos da Copa do Mundo do Catar, e, principalmente, nas festividades de Natal e fim de ano.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defendeu, em reunião de quinta-feira, 11/11, o incremento da vacinação, a volta do uso de máscaras e outras medidas para evitar que o cenário atual de alta nos casos de covid-19 traga um possível aumento de internações, superlotação nos hospitais e mais mortes no futuro.
A entidade divulgou nota técnica de alerta, elaborada por seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias e assinada pelo presidente da SBI, Alberto Chebabo.
“Pelo menos em quatro estados da federação, já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior”, diz o texto, baseado nos dados divulgados ontem (10) no Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz.
A SBI alerta que o cenário é decorrente da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes e pede que o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenham atenção especial às medidas sugeridas.
Primeira providência:
segundo a sociedade científica é preciso incrementar as taxas de vacinação contra a covid-19, principalmente nas diferentes doses de reforço. A SBI avalia que as coberturas se encontram, todas, em níveis ainda insatisfatórios nos públicos-alvo.
Segunda providência:
Os infectologistas recomendam garantir a aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos de idade, independente da presença de comorbidades. Até o momento, a vacinação da faixa de 6 meses a 3 anos ainda está restrita a crianças com comorbidades, e o Ministério da Saúde iniciou no dia 10 deste mês a distribuição de 1 milhão de doses de vacinas para essa faixa etária.
Terceira providência:
A SBI também pede a rápida aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, atualizadas com as novas variantes, que estão atualmente em análise pela Anvisa. Procurada pela Agência Brasil, a agência respondeu que os processos estão em fase final de análise, e é esperado que a deliberação ocorra em breve, embora não haja uma data fixada para isso.
A ANVISA esclareceu que os testes estão em fase final para liberação.
Quarta providência:
Disponibilização nas redes públicas e privadas as medicações já aprovadas pela Anvisa para o tratamento e prevenção da covid-19, como o paxlovid e o molnupiravir, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil, ressalta a SBI. A Agência Brasil perguntou ao Ministério da Saúde se essas medicações já estão disponíveis, mas não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem.
Quinta providência:
Retomar com força as medidas de prevenção não farmacológicas. A SBI defende a volta do uso de máscaras e do distanciamento social para evitar situações de aglomeração, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.
A SBI pede que as medidas sugeridas sejam tomadas com brevidade, para otimizar as tecnologias de prevenção e tratamento já disponíveis e reduzir a chance de um possível impacto futuro de óbitos e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados por casos graves de covid-19.
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