CONFERÊNCIA DOS OCEANOS: “ENFRENTAMOS EMERGÊNCIA DOS OCEANOS”, DIZ SECRETÁRIO DA ONU

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Os oceanos cobrem mais de 70% da superfície terrestre e são responsáveis por absorver 91% do aquecimento do planeta; Conferência dos Oceanos traz questões para o centro das discussões, mas secretário-geral afirma que hoje enfrentamos “emergência dos oceanos” e que “oceanos saudáveis e produtivos são vitais para o futuro da humanidade”

A Conferência dos Oceanos prosseguem na capital de Portugal, Lisboa. São 140 países discutindo problemas como o despejo intensivo de resíduos sem tratamento, o acúmulo de plásticos e a sobrepesca, além da acidificação dos oceanos, o aumento do nível do mar e a concentração de gases-estufa, que atingiram níveis recordes.

Para o presidente da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta, os oceanos não têm estado nas mesas de negociações, nem nas prioridades políticas ou econômicas. O tema passou à margem das grandes negociações e os últimos 20 anos foram perdidos para a causa dos oceanos, mundialmente.

Assim, os organizadores da Conferência dos Oceanos de 2022 trabalham para garantir que as nações apresentem compromissos voluntários concretos para ações sobre os oceanos, com anúncio de novos compromissos para os oceanos e ações concretas para implementar os compromissos de 2017, última conferência ocorrida.

Brasil defende acordo internacional para reduzir poluição plástica 

O Brasil discursou na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas durante a tarde de terça-feira, em Lisboa, com o Ministro do Meio Ambiente defendendo a criação de dois acordos internacionais em prol da vida marinha.

Joaquim Leite falou sobre a importância de um tratado global para reduzir a poluição causada por plásticos, tema que tem ganhado destaque na conferência em Portugal.

O ministro defendeu “um acordo  juridicamente vinculante sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição nacional. E um instrumento global para reduzir a poluição plástica, inclusive no ambiente marinho. O lixo no mar, especialmente o plástico, é um grave problema ambiental que a comunidade internacional finalmente começou a reconhecer e a estabelecer mecanismos para enfrentá-lo de forma coordenada.”

O ministro do Meio Ambiente lembrou que o país tem uma área marinha de 5,7 milhões km2, sendo que 27% da área é protegida.

Retirada de lixo de praias e manguezais

Joaquim Leite mencionou vários programas do governo para redução da poluição por plásticos, como o “Lixão Zero”, que segundo ele, já encerrou 20% dos lixões a céu aberto desde 2019. Segundo o ministro, um outro projeto envolvendo a população e voluntários retirou de praias e manguezais 637 mil itens, sendo 355 mil itens de plásticos.

A Conferência dos Oceanos da ONU segue até sexta-feira, quando deverá ser divulgado o acordo final firmado entre os países-membros em prol da vida marinha, da economia azul e da recuperação do ecossistema marinho

Moçambique

Banhado pelo Oceano Índico, Moçambique anunciou que prepara planos para atuar em novas frentes: o combate ao lixo marinho e o avanço da economia azul.

No evento, a ministra moçambicana do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso, destacou desafios e oportunidades com a faixa do litoral de cerca de 2,7 mil km. Mais de 60% da população vivem em áreas costeiras. 

Cardoso lembrou que as zonas próximas do mar geram rendimento e garantem a sobrevivência de milhares de moçambicanos, mas estão expostas a riscos.

“Para além de proporcionar um manancial de riquezas por explorar. Moçambique é um país exposto às múltiplas ameaças relacionadas com as alterações climáticas, que de forma cíclica, tem fustigado várias regiões do país, com eventos severos como ciclones, secas, inundações. Daí, o compromisso para a criação de resiliência costeira ser imperativo para nós.”

Lixo no mar: problema de todos os países e ameaça ao futuro da humanidade. (ONU)

 

© Ocean Image Bank/Vincent Knee/ONU – Detritos plásticos marinhos impactaram mais de 600 espécies marinhas