CRIANÇAS SOBREVIVERAM NA SELVA COMENDO FARINHA DE MANDIOCA, PLANTAS E FRUTAS
As quatro crianças indígenas colombianas, entre elas um bebê de um ano, sobreviveram 40 dias na Amazônia após a queda de um avião; mãe morreu após alguns dias, mas incentivou os filhos a procurarem ajuda; cão que fazia companhia segue desaparecido na mata
Depois de passarem por exames médicos e dormirem a primeira noite num hospital em Bogotá, as quatro crianças indígenas colombianas, entre elas um bebê de um ano, que sobreviveram 40 dias na Amazônia após a queda de um avião, contaram os primeiros detalhes sobre o que aconteceu nas últimas semanas.
Ao lado do pai de duas das crianças e de uma avó, os quatro sobreviventes que estão desnutridos e desidratados, estavam felizes por reencontrar a família, mas ainda abalados com tudo o que aconteceu.
Segundo relatos dos irmãos, a mãe, Magdalena Mucutuy, não morreu no acidente. Ela estava viva, ferida, mas depois de quatro dias no local onde a aeronave caiu, falou que os filhos deveriam sair dali e buscar ajuda.
“Talvez vocês devam ir. Vocês irão ver o tipo de homem que seu pai é e ele mostrará o mesmo amor imenso que tenho dado a vocês”, teria dito ela.
As crianças – Lesly (13 anos), Soleiny (11), Tien (4) e Cristin (1) – começaram a caminhada no meio da mata, levando algumas coisas que estavam no avião e farinha de mandioca para se alimentar. Nos dias seguintes também comeram sementes, frutas, raízes e plantas encontradas na floresta.
Para familiares e especialistas, fazerem parte de uma comunidade indígena foi fundamental para a sobrevivência das crianças. Elas fazem parte da etnia Huitoto.
Quando pegaram o avião no dia 1o de maio, a família estava indo encontrar o pai, Manuel Miller Ranoque, que estava sendo ameaçado por um grupo rebelde militar.
O avião Cessna decolou da cidade de San Jose del Guaviare para Araracuara, levando a bordo um líder indígena e a família com a mãe, de 33 anos, e as quatro crianças.
Duas semanas depois do acidente, foram encontrados apenas os corpos de três adultos.
No hospital, onde devem permanecer pelas próximas duas semanas, as crianças relataram também que ficaram com medo das equipes de busca e por várias vezes, se esconderem delas. Eles achavam que poderiam ser guerrilheiros.
Cerca de 150 militares, 200 indígenas e dez cães monitoraram uma área de 320 km2.
As crianças disseram ainda que durante algum tempo tiveram a companhia de um dos cães, Wilson, que acabou perdido na mata e agora está sendo procurado.
(Conexão Planeta – 11 de junho de 2023 – Suzana Camargo – (Foto: reprodução Twitter Fuerzas Militares de Colombia)
Foto mostra o momento que equipes de resgate encontraram as crianças