Após óbito durante lipoaspiração, Cremesp reitera as normas estabelecidas para a realização de cirurgias plásticas. Procedimentos como a lipoaspiração não são isentos de riscos e não devem ser tratados como triviais, fato que compromete a segurança dos pacientes
A morte de uma mulher jovem em uma clínica na zona leste de S. Paulo, ontem, 26 de novembro, provocou uma reação imediata do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de S. Paulo), que emitiu nota reiterando as normas que devem ser observadas e alertando os pacientes que o procedimento tem seus riscos.
Entenda o caso
Paloma Alves, de 31 anos, morreu após realizar uma hidrolipo na Clínica Maná Day, na Zona Leste de S. Paulo – e o médico responsável pelo procedimento já foi acusado 31 vezes de negligência – e sua clínica foi fechada.
O procedimento era um desejo de Paloma, que pagou 10 mil reais para eliminar gorduras localizadas na região das costas e do abdômen.
Segundo o marido da vítima, tudo ocorreu de forma online; o médico foi escolhido por rdes sociais e todo o preparo pré-procedimento, inclusive exames e valores, foram negociados via WhatsApp.
Enquanto esperava a esposa terminar o procedimento, o marido, Everton, viu equipes de socorro chegarem à clínica; equipe do SAMU chegou a socorrer Paloma, mas ela não resistiu e chegou morta ao hospital.
Segundo Everton, o médico lhe disse que a esposa sofreu uma embolia pulmonar – mas o marido afirma que houve negligência da clínica, porque não tinham aparato para atender a emergência. Ao fazer o Boletim de Ocorrência na delegacia, Everton descobriu que o médico havia sido acusado por outras 31 negligências médicas.
NOTA DA CREMESP
A respeito do assunto, o CREMESP emitiu a seguinte nota:
“A Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) manifesta sua preocupação em relação ao recente caso de óbito ocorrido durante uma lipoaspiração realizada em ambiente clínico. A perda de uma vida é sempre motivo de profundo pesar, e reforça a importância de reiterarmos as condições imprescindíveis para a realização de procedimentos cirúrgicos com segurança.
A lipoaspiração, embora amplamente reconhecida como um procedimento seguro quando realizada de forma adequada, é uma cirurgia que demanda preparo técnico, infraestrutura adequada e a observância rigorosa das normas de segurança e ética médica. Para garantir a segurança dos pacientes, é fundamental que:
1. O ambiente onde a cirurgia será realizada seja devidamente habilitado e liberado pelos órgãos de vigilância sanitária, com estrutura hospitalar que permita o manejo de eventuais intercorrências e suporte avançado de vida.
2. O cirurgião responsável possua qualificação adequada e habilitação específica para a prática de cirurgia plástica, registrada junto ao Conselho Regional de Medicina, sendo especialista reconhecido com Registro de Qualificação de Especialista (RQE).
3. A equipe médica e multidisciplinar envolvida esteja preparada para lidar com complicações e equipada com os recursos necessários para uma resposta rápida e eficaz a emergências.
4. O procedimento seja conduzido dentro dos mais altos padrões éticos e técnicos, com avaliação rigorosa do estado de saúde do paciente, indicação precisa do procedimento, e comunicação clara e detalhada dos riscos e benefícios envolvidos.
Reforçamos que a banalização de qualquer procedimento cirúrgico, por menor que ele possa parecer, é inaceitável. A DECISÃO DE REALIZAR UMA CIRURGIA PLÁSTICA SE INICIA NA ESCOLHA DO PROFISSIONAL E DEVE SER FEITA DE FORMA CONSCIENTE E SÓLIDA. Cirurgias plásticas, como a lipoaspiração, não são isentas de riscos, e tratá-las como procedimentos triviais compromete a segurança dos pacientes e contraria os princípios fundamentais da Medicina.
O CREMESP reafirma seu compromisso com a defesa da ética médica e com a proteção da saúde e segurança dos pacientes, e recomenda que todos os profissionais sigam as normas estabelecidas, zelando pelo exercício responsável da profissão.”
(Da redação. Nota Oficial do CREMESP. Imagem: foto do arquivo pessoal da paciente Paloma Alves)
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