ULTRAPROCESSADOS SÃO ASSOCIADOS COM 32 PROBLEMAS DE SAÚDE ENTRE ELES, DIABETES E CÂNCER

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Alimentos como biscoitos e bolos industrializados, salgadinhos, refrigerantes, cereais, pratos congelados e fast food são alguns exemplos de alimentos ultraprocessados que são associados com diabetes e câncer

Não é de hoje que especialistas alertam sobre o malefício causado pelo consumo excessivo dos chamados alimentos ultraprocessados. Provavelmente muitos deles fazem parte do seu dia a dia, mas você nem sabe. 

Biscoitos e bolos industrializados, salgadinhos, refrigerantes, cereais, pratos congelados e fast food são alguns exemplos deles. Em geral, são produtos prontos, ricos em aditivos, preservativos, corantes, gorduras saturadas, açúcar e sal. Por outro lado, possuem pouquíssimas fibras e vitaminas.

Em 2018, um grupo de pesquisadores internacionais, entre eles, um dos maiores especialistas no assunto, o brasileiro Carlos Monteiro, professor de Nutrição e Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), divulgou um estudo em que alertava sobre a associação do consumo de ultraprocessados com o desenvolvimento de câncer.

Cinco anos depois, uma meta-análise, que compilou diversos estudos sobre o tema, envolvendo quase 10 milhões de pessoas, chegou a uma conclusão ainda mais preocupante. O consumo exagerado de ultraprocessados está relacionado com uma maior probabilidade no aparecimento não apenas do câncer, mas outros 31 problemas de saúde.

A análise publicada no jornal britânico BMJ cita que a ingestão desses alimentos aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, gastrointestinais, metabólicas e respiratórias, diabetes tipo 2 e morte prematura. Segundo os pesquisadores, esse tipo de alimentação completamente inadequada representa mais da metade do que se consome atualmente nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Essa porcentagem é ainda pior entre populações de baixa renda e jovens. Entre eles, 80% da dieta alimentícia é baseada em ultraprocessados – o que alguns classificam como “comida que não é realmente comida”.

Em um editorial relacionado ao artigo, no próprio BMJ, pesquisadores da USP, entre eles, Monteiro, advertem sobre esses produtos.

Alimentos ultraprocessados não são apenas alimentos modificados. São formulações de ingredientes baratos, muitas vezes manipulados quimicamente, como amidos modificados, açúcares, óleos, gorduras e proteínas isoladas, com pouco ou nenhum alimento integral adicionado, tornados palatáveis e atraentes pelo uso de combinações de sabores, corantes, emulsionantes, espessantes e outros aditivos”, destacam os cientistas. “Não existe razão para acreditar que os humanos possam adaptar-se totalmente a estes produtos. O corpo pode reagir a eles como inúteis ou prejudiciais, de modo que seus sistemas podem ficar prejudicados ou danificados, dependendo da vulnerabilidade e da quantidade de alimentos ultraprocessados consumidos”.

Ainda segundo os especialistas brasileiros, ultraprocessados são desenvolvidos para serem altamente desejáveis, combinando açúcar, gordura e sal para maximizar o prazer e adicionando sabores que induzem a comer quando não há fome. 

Muitos desses alimentos acabam se tornando um vício para algumas pessoas e o marketing utilizado para sua comercialização é extremamente agressivo.

A recomendação do grupo é que ultraprocessados sejam tratados como o cigarro, com limitações de publicidade e advertência nas embalagens sobre seus impactos na saúde humana. Além disso, os pesquisadores pedem a implementação de políticas públicas e ações com o objetivo de alertar e minimizar o consumo desses produtos.

Por último, são necessárias investigações multidisciplinares para identificar as formas mais eficazes de controlar e reduzir o ultraprocessamento e para quantificar e acompanhar os custos-benefícios e outros efeitos de todas essas políticas e ações na saúde e no bem-estar humanos, na sociedade e no meio ambiente”, finalizam.

(Da redação, com conteúdo e foto de conexaoplaneta.com.br/6 de março de 2024/ Suzana Camargo/ Slava Sidorov por Pixabay)