O Dia Nacional do Diabetes, celebrado neste domingo (26), reforça a importância de hábitos saudáveis para evitar a doença; no Brasil, são 23,2 milhões de doentes; falta de cuidados adequados podem levar à morte, cegueira, infarto ou AVC
O diabetes acomete mais de 537 milhões de adultos com idade entre 20 e 79 anos, representando 10,5% da população mundial nessa faixa etária. Os dados são do Atlas do Diabetes 2021, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF).
O Brasil é o sexto país em incidência de diabetes no mundo e o primeiro na América Latina — são 15,7 milhões de pessoas adultas com esta condição, e a estimativa é que, até 2045, a doença alcance 23,2 milhões de adultos brasileiros.
É uma doença silenciosa e traiçoeira. Por vezes, detectada por exames rotineiros solicitados pelo médico, outras por testes de rotina em locais de trabalho.
TIPOS DE DIABETES
No diabetes tipo 1, o pâncreas não produz insulina, hormônio que controla o açúcar no sangue. Geralmente diagnosticado em crianças e adolescentes.
No diabetes tipo 2, o pâncreas não produz a quantidade adequada de insulina ou não consegue utilizá-la adequadamente. Seu aparecimento geralmente ocorre na fase adulta, em pessoas acima do peso e sedentárias.
No diabetes tipo 3, pode ocorrer aumento de açúcar no sangue, devido a alterações no metabolismo.
E há ainda o pré-diabetes, estado intermediário entre uma pessoa saudável e alguém com diabetes. Sua progressão pode ser evitada por meio de mudanças no estilo de vida.
ACOMPANHAMENTO MÉDICO É IMPORTANTE
O tratamento deve ser feito com um médico especialista, endocrinologista ou médico especialista no assunto. O controle é essencial, mesmo que a pessoa não apresente sintomas (sede intensa, emagrecimento inesperado, tonturas causadas por hipoglicemia ou hiperglicemia).
E a descoberta precoce, mais importante ainda. Se constatado precocemente, a pessoa pode iniciar o tratamento imediatamente – e a vida continuará sendo normal.
Existem quatro tipos de diabetes, explica o endocrinologista e presidente da Associação de Diabetes do ABC, Marcio Krakauer. “O do tipo 1 acontece por uma doença autoimune, em que o corpo para de produzir insulina naquele momento (ou poucas horas e dias antes), e os sintomas são excessivos, como fome, sede intensa, perda de peso, visão embaçada, infecções urinárias e genitais, dores no corpo”.
Nesse tipo, quando se repõe a insulina, o indivíduo fica bom rapidamente. O diabetes do tipo 2 é uma doença que mistura o hereditário com o ganho de peso e vai surgindo de forma muito lenta na vida. Em geral, quando se faz um diagnóstico por causa de tais sintomas, estes já existem há cerca de cinco anos ou mais, acrescenta o médico. Segundo Krakauer, o diabetes do tipo 2 é completamente assintomático ou pouco sintomático.
Já o pré-diabetes é uma condição bem inicial. “Nós damos esse nome, mas, na verdade, a glicose já não está normal. O diagnóstico é feito por números de glicose na ponta do dedo, ou do exame hemoglobina glicada ou do exame de curva glicêmica. É o início da história do diabetes”, e aí as pessoas precisam ser tratadas para evitar que fiquem com diabetes, ressalta o médico.
O diabetes gestacional é aquele que aparece por causa da gravidez. “Em geral, são mulheres obesas, que têm história de pais com diabetes tipo 2 e que, quando estão entre a 26ª e 28ª semanas de gestação, por conta dos hormônios da gravidez, podem apresentar a glicose elevada, o diabetes. Essas mulheres devem tratar-se porque pode haver muitas complicações para mãe e para o bebê”, observa Krakauer.
CONVIVER COM A DOENÇA
Os riscos do diabetes são vários, mas há formas adequadas de controlar a doença. “Todos [os tipos de diabetes] precisam de mudança de estilo de vida: primeiro plano, alimentar-se de forma saudável, nutricionalmente adequada. Aqueles que estão acima do peso devem perder peso, os que estão abaixo do peso, ganhar ou manter o peso”, destaca o médico.
Ele acrescenta que é importante reduzir os carboidratos simples e dar preferência aos carboidratos integrais, ingerindo-os em pequena quantidade, e ter a alimentação fracionada ao longo do dia. O prato precisa ser composto de forma saudável: metade de legumes, verduras, saladas, um quarto de carboidratos integrais e um quarto de proteína, que pode ser vegetal ou animal.
Quem tem diabetes tipo 1 precisa fazer a reposição de insulina, já que não produz o hormônio, e manter hábitos de vida saudáveis. A insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, é responsável por levar a glicose que está no sangue para o interior das células.
Já o diabetes gestacional, dependendo da situação, pode ser tratado só com alimentação saudável. “Se necessário, o diabetes gestacional pode ser tratado com insulina. Por enquanto, não se utiliza medicamento oral. Apesar de alguns estudos liberarem a metformina, por enquanto só se libera a insulina durante a gestação. E atividade física também. Aliás, a atividade física é importante para todos os tipos de diabetes e para todas as pessoas.”
De acordo com o médico, para conviver com a doença, é preciso monitoramento e educação. “É preciso fazer teste na ponta do dedo ou usar a medição da glicose continuamente para tomada de decisão, tanto para enxergar o efeito da alimentação, o efeito da parte emocional, da glicose no sangue, o efeito do exercício, dos remédios, da insulina. A monitorização é muito importante.”
Krakauer explica que, quando o diabetes está bem compensado, com parâmetros perto da normalidade, a chance de complicações crônicas é mínima. “Mas aqueles que estão [com o diabetes] mal controlado e por muito tempo, podem ter complicações nos olhos — a doença é a maior causa de cegueira no mundo –, no coração e doenças arteriais periféricas.”
Podem advir ainda problemas neurológicos, alerta o médico. “Chamamos de neuropatia do diabetes, que aumenta muito a chance de perder a sensibilidade nos pés. Esses indivíduos podem ter infecções e sofrer amputações, além de doença renal do diabetes que leva à hemodiálise ou ao transplante de rim. E várias outras questões, como gordura no fígado, doenças pulmonares, pior resposta às infecções, como, por exemplo, a covid-19.”
O médico explica que quem tem diabetes responde mal à doença porque a glicose alta diminui a imunidade às infecções. “Quando a doença está controlada e bem compensada por muito tempo, isso não ocorre”.
A PEVENÇÃO CONTRA A DOENÇA
A fórmula alimentação saudável e exercícios físicos é o meio mais efetivo de prevenir a doença, orienta o especialista. “A mistura é: alimentação saudável, perda de peso para quem está acima do peso, muito exercício físico, tomar muita água, dormir direito e reduzir o estresse, quando possível.”
Krakauer enfatiza que alimentos ultraprocessados também aceleram a incidência da doença. “Ultraprocessados são alimentos com alto teor de farinha branca, açúcares e gorduras, que fazem mal ao organismo. O indivíduo que tem tendência ao diabetes tipo 2, pode, com o excesso de ultraprocessados, ganhar peso muito rapidamente na região da barriga e apresentar excesso de gordura no fígado e no pâncreas [esteatose hepática ou pancreática], o que é um fator de risco gigantesco para o aparecimento da doença.”
Ficar longe do cigarro e das bebidas alcoólicas é outra maneira de diminuir o risco de ter a doença, diz o médico. “Não fumar em hipótese alguma, reduzir as bebidas alcoólicas, para quem as toma em excesso, levar a vida de forma saudável, o máximo que conseguir. Algumas vezes, podem ser indicadas medicações capazes de reduzir o risco do diabetes em torno de 30%.”
PORTAL
Iniciativas que forneçam informações de qualidade contribuem para o gerenciamento adequado da condição é uma forma de ajudar quem busca conhecimento. Uma delas é o portal Tipo Você, (Home – PSP – Roche Diabetes Care Brasil (tipovoce.com.br)) que reúne conteúdos informativos e educacionais para que pacientes e familiares aprendam e aperfeiçoem o gerenciamento do diabetes.
Lançado na última semana pela Roche Diabetes Care, o portal visa auxiliar as pessoas com diabetes a entender as medidas adequadas e a cuidar cada vez mais da saúde.
Para o médico, informação é essencial para a mudança no estilo de vida de quem quer evitar o diabetes e de quem precisa conviver com doença. “É mudança de estilo de vida. E é preciso ter conhecimento, informação, educação para atingir a transformação.”
(Com informações de EBC,
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